Preços disparam nos locais onde iguaria inspira eventos gastronómicos. Venda de unidade está entre os 60 e os 120 euros junto dos pescadores.
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É em Sever do Vouga que se estreia a época de eventos gastronómicos com lampreia. A partir deste sábado e até dia 26, sete restaurantes juntam à iguaria, servida com arroz ou à bordalesa, a vitela assada com arroz no forno. É alternativa para quem não gosta de lampreia, que este ano, segundo Pedro Correia, da Adega dos Amigos, é "pouca e cara". Há quem revele que já pediram entre os 60 e quase cem euros a unidade. O preço no prato fica ao critério de cada restaurante.
Se aqui os preços podem surpreender, em Entre-os-Rios, Penafiel, são de arrepiar. A lampreia, que vem da zona do Minho, custa viva cerca de 90 euros e à mesa está a ser vendida a 150. Mesmo assim, Luís Neves, membro da Confraria da Lampreia de Entre-os-Rios, diz ter receio de que não haja capacidade de resposta para as solicitações. "A procura mantém-se, mas podemos não responder, sobretudo a grupos grandes", lamentou.
Mínimos históricos
Já a 2 de janeiro, a safra começou no Minho com preços mais elevados que o costume, entre 50 e 60 euros por unidade. O cenário não melhorou: custa agora entre 60 e 70 euros. "Está a ser um ano muito caro e com mínimos históricos de lampreia", disse Augusto Porto, presidente da associação de pescadores do Minho, afiançando que "está a ser um ano escasso por todo o lado". E tem razão.
Na quarta-feira, em Penacova, durante a apresentação do festival marcado para os dias 25 e 26 com 11 restaurantes, falava-se de escassez e de altos preços. "Este ano, o preço vai dos 120 aos 140 euros a lampreia, quando em anos anteriores era de 70 euros", contou ao JN o mordomo-mor da Confraria da Lampreia de Penacova, Fábio Nogueira. O responsável pelo restaurante Côta da Azenha, Jorge Côta, disse que vende a dose a 45 euros, estando a comprar a lampreia, na zona de Montemor, por 140 euros cada.
Dados
Repensar o festival
O presidente da Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra, admite que a escassez de lampreia pode, no futuro, levar a que o evento seja repensado. "Poderá equacionar-se a natureza do festival e alargá-lo a outras iguarias desta zona, como os peixinhos do rio", sugere.
Vender à vez
A escassez da lampreia tem também condicionado o trabalho dos vendedores de rua e fechou algumas das bancas na zona ribeirinha de Entre-os-Rios, em Penafiel. "Temos três ou quatro vendedores. Vão abrindo à medida que vão tendo lampreia para vender", explicou Luís Neves.