O Estado colocou, esta quarta-feira, mais dois mil milhões de euros de dívida no mercado, mais 250 milhões de euros que o máximo indicativo estipulado e pagando juros consideravelmente mais baixos que nas últimas operações com prazos semelhantes.
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De acordo com o IGCP - agora chamado Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública desde que foi convertido em empresa pública -, o Estado colocou 1291 milhões de euros na linha com maturidade a 18 meses, a segunda vez que coloca dívida em Bilhetes do Tesouro (BT) com este prazo.
A operação com o prazo mais longo de BT viu ainda o juro baixar consideravelmente face ao último (e primeiro) leilão com prazo semelhante, realizado a 4 abril, conseguindo agora uma taxa de juro média de 2,967%, quando na altura havia sido de 4,537%.
A procura foi ligeiramente mais baixa, representando 2,4 vezes a oferta, quando em abril havia sido de 2,6 vezes, mas o valor colocado desta vez foi mais elevado, face aos mil milhões de euros.
No prazo mais curto, a seis meses, Portugal colocou 709 milhões de euros, pagando uma taxa de juro de 1,7%, contra os 2,292 por cento registados na última operação com prazo semelhante, realizada em julho.
A procura foi ligeiramente inferior, fixando-se em 3,1 vezes a oferta, contra as 3,8 vezes registadas no último leilão.
Num breve comentário ao leilão, o diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva, considera a operação um sucesso e salienta a falta de impacto da situação política em Portugal nesta operação.
"A emissão foi um sucesso e demonstra que o eventual aumento do risco político de Portugal não afetou, em nada e por agora, os investidores, que continuam com muito interesse em comprar dívida pública portuguesa de curto prazo. Prova disso, é o facto de o Estado ter emitido dívida num montante total de 2000 milhões de euros, superior ao que tinha anunciado fazer (1500 a 1750 milhões de euros)", afirmou.
Filipe Silva salienta ainda o melhor resultado alcançado com leilões de Bilhetes do Tesouro a 18 meses que nas colocações de linhas a um ano.
"Outro facto relevante a sublinhar é que os BT a 18 meses, apesar de terem um prazo mais longo, já têm uma taxa de juro implícita inferior à das Obrigações a 12 meses, ou seja temos uma dívida mais longa mais barata que uma emissão a um prazo mais curto. Acho que correu bastante bem", concluiu.