Os portugueses começaram mais cedo a fazer as compras de Natal, mas com intenção de gastar menos em brinquedos. Algumas lojas admitem "ligeiras quebras" na procura. E depositam todas as esperanças de recuperação na reta final das compras de Natal. Já as que falam em resultados positivos estão assentes nas promoções.
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Os dados das buscas no site KantoKusta mostram que os portugueses tencionam gastar menos 3,48% em brinquedos, face ao mesmo período do ano passado.
"Ainda sem os números do principal mês do ano - o mês do Natal - 2022 irá representar uma quebra de cerca de 10% de faturação face a 2021", admite a Science4You, atribuindo a descida nas vendas ao mercado internacional. "É o que tem maior peso na nossa faturação (cerca de 80%) e alguns desses mercados estão a enfrentar uma conjuntura macroeconómica ainda mais grave do que a nossa", justifica a empresa.
Ainda assim, a Science4You espera uma recuperação. "Os primeiros dias da época natalícia foram muito entusiasmantes, fruto dos lançamentos de muitas novidades de ciência, da apresentação da nova linha baby (brinquedos 3+) e da nova parceria com a Barbie", especifica.
"Promoções apelativas"
O mesmo se passa com o grupo Auchan, que admite "uma ligeira redução" na venda de brinquedos. "Tendo por base a tendência desde 1 de dezembro, esperamos um aumento da procura de brinquedos nos dias que antecedem o Natal", prevê a empresa.
Já a Jerónimo Martins fala num "crescimento nas vendas de brinquedos". Mas graças às campanhas.
"Procuramos oferecer aos nossos clientes promoções fortes e apelativas que se reflitam em grandes oportunidades de poupança", sublinha o grupo detentor da cadeia Pingo Doce, que tem vendido sobretudo carros telecomandados, tablets educativos, a gama Faz de Conta, da Elefun, pistas de carros e bonecas.
A Jerónimo Martins está, igualmente convicta de que será possível manter, até ao final do ano, "o ritmo de crescimento de vendas registadas até à data".
"As expectativas são muito positivas. Acreditamos que este Natal será muito positivo para o El Corte Inglés", vinca também a cadeia espanhola, admitindo que os seus clientes estão "mais atentos e sensíveis às campanhas", como a que ofereceu 50% do valor das compras em talão.
"Todas as semanas há campanhas com promoções específicas por categoria em mais de 300 marcas de brinquedos, pelo que os clientes têm mantido a procura às nossas lojas", diz também o Continente.
Mais poupados
Segundo dados do Observador Cetelem Natal 2022, em média os portugueses tencionam gastar 126 euros com as prendas de Natal, menos 21 euros do que gastaram no ano passado.
Poder de compra
Um estudo recente da Intrum mostra que a confiança dos consumidores está a cair a pique desde o início da guerra e que a inflação se irá prolongar. Inclusive, mais de 70% dos portugueses entrevistados consideram que as suas despesas fixas estão a evoluir mais rápido do que a sua remuneração. O valor compara com 51% em 2021, traduzindo uma subida de 22% no espaço de um ano.