Inquérito da AEP relativo a setembro mostra como está a ser combatida a crise. Há quem já modifique produtos ou encerre unidades de produção.
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A resposta das empresas ao aumento dos custos de produção está a ser feita de várias formas, mas a preferencial é a redução da atividade. Um inquérito feito em setembro pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) mostra que 42% das empresas preveem reduzir até 25% da atividade regular devido ao impacto dos custos da energia. A maioria pede menos impostos.
Ao JN, a AEP enumera vários fatores que "constituem um forte bloqueio ao normal funcionamento da atividade empresarial". O agravamento dos custos energéticos é o mais óbvio, porém as empresas também estão a sentir os impactos do agravamento dos custos com transporte e logística, da inflação e escassez de matérias-primas. Algumas destas dificuldades são motivadas pelas restrições do lado da oferta e pelas disrupções nas cadeias de produção e distribuição, que ainda não estão estabilizadas desde a pandemia.
Entre os empresários, 24% admitem que fizeram ou farão modificações nas gamas de produtos e 19% preveem o encerramento parcial de unidades de produção. A redução de mais de 25% da atividade é a solução encontrada por 19% dos empresários inquiridos, ao passo que o recurso ao lay-off na modalidade de suspensão da atividade é a medida planeada por 18%. Por fim, apenas 8% prevê o incremento do teletrabalho como resposta à crise originada pelo aumento dos custos.
pedem menos impostos
Os empresários também foram questionados acerca das medidas que gostariam de ver implementadas para mitigar o aumento dos custos da energia nas empresas, sendo que a descida dos impostos é a preferida, com 81% dos responsáveis a considerar "muito importante" a sua implementação.
A realocação imediata do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para apoiar as empresas é proposta por 70% dos inquiridos e a celeridade na implementação dos fundos comunitários do Portugal 2030 é apoiada por 69%. Dois terços (66%) também acham muito importante o reforço do apoio às empresas de consumo intensivo de energia e, por fim, somente 22% consideram imperioso o regresso do lay-off simplificado que vigorou na pandemia.
Os dados do índice do custo do trabalho do Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam a redução da atividade das empresas. No segundo trimestre deste ano, houve um decréscimo de 1,5% do número de horas trabalhadas por funcionário, sendo que a indústria (menos 2,6%, a queda mais acentuada) e a construção (menos 1,9%) foram os setores de atividade em que o número de horas trabalhadas mais diminuiu.
Globalmente, no segundo trimestre, o índice do custo do trabalho subiu 5,7% face ao período homólogo, sendo que o custo médio por trabalhador subiu 4,5%.
INE
Confiança dos consumidores afunda-se
O indicador de confiança dos consumidores portugueses diminuiu, em setembro e outubro, segundo revelou o INE. Este indicador atingiu um valor próximo do que foi registado em abril de 2020, no início da pandemia e em pleno confinamento, sendo o mais baixo desde esse mês. Esta evolução resulta, "sobretudo, do contributo negativo das perspetivas de evolução futura da situação económica do país, tendo as opiniões e as expectativas relativas à situação financeira do agregado familiar também contribuído negativamente", justifica ainda.