Pelo menos 58 pessoas foram detidas e nove ficaram feridas, entre eles seis agentes policiais, em vários incidentes nas primeiras horas da greve geral que se realiza, esta quinta-feira, em Espanha.
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Apesar dos incidentes, que ocorreram em piquetes informativos em alguns pontos do país, os serviços mínimos acordados estão a ser cumpridos em setores como os transportes, que, a par da industria (especialmente automóvel) e das minas, registam a adesão mais elevada.
Os sindicatos referem que a adesão em alguns casos, como em fábricas no Norte, nos portos ou em alguma distribuição, é de próxima dos 100 por cento, tanto nos turnos da madrugada como da manhã.
O Governo, por seu lado, ainda não falou de adesão global, mas os responsáveis regionais de Madrid referem haver uma adesão entre os funcionários públicos de menos de três por cento.
Já as patronais empresariais CEOE e CEPYME afirmaram, em comunicado, que a situação é de "grande normalidade", com empresas abertas e a maioria dos trabalhadores nos seus postos de trabalho.
Alguns dos grandes mercados urbanos de distribuição estiveram bloqueados e vários setores, como a indústria e os transportes, registam adesões significativas, segundo os sindicatos.
Madrid, Barcelona, Valência, Sevilha e Saragoça registaram nos seus mercados tentativas de bloqueio durante toda a madrugada, com a polícia a ter que fazer cordões de segurança para permitir a passagem de camiões.
Em Saragoça chegou a haver confrontos entre polícias e membros do piquete de greve, tendo sido detido um responsável sindical.
Entretanto, na Catalunha o conselheiro de Interior, Felip Puig, explicou que os serviços mínimos estão a funcionar "razoavelmente bem", mas acusou grupos violentos de "tentarem gerar distúrbios.
Além de bloqueios em vários locais, as autoridades registaram outros incidentes isolados, incluindo o lançamento de pregos para uma estrada de acesso a Barcelona, o que levou a que vários veículos tivessem pneus furados.
O consumo elétrico em Espanha caiu 20% durante a madrugada e primeiras horas da manhã, em comparação com quinta-feira passada, o que é atribuído a um efeito da greve geral, em curso desde as zero horas.
Um dos efeitos mais evidentes da greve geral é o aumento do trânsito automóvel. Cerca das 9, horas acumulavam-se mais de 30 quilómetros de filas nas principais vias de acesso a Madrid.
Segundo a Direção Geral de Trânsito (DGT), a pior situação vivia-se na A6, congestionada nos dois sentidos, com 13 quilómetros de bicha na entrada a Madrid, havendo longas filas também na A1 e na A2.
Em Barcelona vive-se uma situação idêntica, com mais de 10 quilómetros de filas acumulados nas estradas de acesso à cidade.
Nota-se igualmente o impacto da greve geral nos quiosques de Madrid, onde não chegaram os jornais, com muitos empresários a preferirem fechar as portas hoje, como explicou o presidente da Confederação Nacional de Vendedores de Jornais, Juan Viciosa.
Noutro ponto do país, o acesso Norte ao porto de Algeciras, o único que hoje estava a funcionar, foi cortado por um grupo de trabalhadores, que fez uma barricada com pneus a arder.
Várias televisões públicas espanholas estão sem emissão e outras com a programação fortemente condicionada devido à greve geral.
Até ás 9.15 horas já se tinham operado 246 voos, com os serviços mínimos a serem cumpridos, uma situação idêntica ao transporte ferroviário, área onde se operaram com normalidade as ligações previstas e acordadas entre Governo e sindicatos para a rede de alta velocidade.