Mais de metade dos licenciados que trabalham em restaurantes têm qualificações a mais
O fenómeno da sobrequalificação - ter qualificações a mais para o trabalho que se exerce - tem crescido rapidamente em Portugal, desde meados da década de 90. O mais recente estudo do laboratório CoLABOR aponta que, em 2022, a incidência de sobrequalificação entre os trabalhadores com Ensino Superior estava nos 25%.
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A primeira edição da publicação anual "Trabalho, Emprego e Proteção Social" do laboratório CoLABOR, cujos resultados são conhecidos esta sexta-feira, em Lisboa, mostram que a incidência da sobrequalificação em 1995 no emprego tinha "uma magnitude marginal". Contudo, em 2022, esse valor subiu para os 14% e se se analisar apenas os trabalhadores com Ensino Superior, a percentagem cresce para os 25%. Entre as mulheres chega quase aos 30% (28,8%).
Os setores das atividades administrativas e dos serviços de apoio e do alojamento, restauração e similares "são dos que registam uma maior incidência da desadequação entre as qualificações escolares das pessoas ao serviço com ensino superior e as profissões exercidas: cerca de 58% nos dois casos", lê-se na publicação do CoLABOR. Os investigadores relatam que "o crescimento rápido da sobrequalificação", sobretudo entre os diplomados do Ensino Superior, "merece atenção, no sentido em que traduz problemas estruturais da economia portuguesa".