A lentidão com que Portugal sairá da crise terá fortes consequências no mercado de trabalho e, a concretizar-se a previsão do Fundo Monetário Internacional, o país chegará ao final deste ano com perto de 614 mil desempregados.
Corpo do artigo
Ou seja, durante este ano cairão no desemprego mais 86 mil pessoas, ao ritmo de sete mil por cada mês. Se assim for, os portugueses serão o quinto povo europeu mais atingido pela falta de trabalho (pior estarão a Espanha, de longe, mas também a Irlanda, a Grécia e a Eslováquia). Nem no próximo ano o desemprego deverá abrandar, com o FMI a estimar uma taxa de 10,3%.
Para as contas do Estado português - já em tensão devido ao crescimento da economia menor do que esperado e a consequente redução de receitas de impostos -, o aumento do desemprego significará uma despesa acrescida, não prevista no Orçamento de Estado para este ano. O documento estimava uma taxa de 9,8%, correspondente a 490 mil desempregados e muito inferior à agora avançada pelo FMI. Para isso, tinha orçamentado uma despesa de 2,2 mil milhões de euros.
Multiplicando os 86 mil novos desempregados previstos por um subsídio de 465 euros (média do valor atribuído em Março), vê-se que o Estado poderá ser chamado a gastar mais 40 milhões de euros do que gastou no ano passado. Recorde-se, contudo, que o Ministério do Trabalho quer mudar a lei, de forma a diminuir tanto o valor dos subsídios quanto o número de pessoas a receber, incentivando o regresso ao emprego.
Mais à procura de trabalho
No mês passado, as listas dos centros de emprego foram engrossadas por mais 64 mil pessoas, que se inscreveram como desempregadas, a larga maioria por terem visto terminar um trabalho precário. No total, somam-se já os 572 mil desempregados registados pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional. Destes, quatro em cada dez viviam na região Norte que, apesar de tudo, teve uma evolução menos negativa do que outras zonas do país, como o Algarve e a Madeira.
Sintomático é o facto de estar a disparar o número de desempregados há mais de um ano. Pela positiva, registe-se o aumento quer do número de ofertas de trabalho quer de colocações de pessoas.