A chanceler alemã Angela Merkel defendeu, esta quinta-feira, a ideia de confiar ao comissário europeu dos Assuntos Económicos o direito de vetar os orçamentos nacionais dos estados membros, caso não cumpram com os critérios de estabilidade e crescimento. Elogiou Grécia e Espanha, sem mencionar Portugal.
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"Pensamos, e falo em nome do Governo alemão, que poderemos dar um passo em frente, com a concordância da Europa para um verdadeiro direito de ingerência sobre os orçamentos nacionais quando estes não respeitam os limites fixados pela estabilidade e crescimento", disse Angela Merkel, durante um discurso no Bundestag, o parlamento alemão.
"Quando tivermos um mecanismo capaz de declarar como inválido um orçamento, estaremos num ponto em que será necessário ter alguém no seio da Comissão que poderá decidir na matéria, e não pessoa melhor colocada para o fazer que o comissário dos Assuntos Económicos", acrescentou Angela Merkel, citada pela agência AFP.
"Sei que há muitos Estados-membros que não estão ainda prontos para isso, infelizmente, o que não altera o facto de que lutaremos por isso", acrescentou Angela Merke, "surpreendida" com a recusa evidenciada pelos alemães a este projeto. "Parece que não querem criar uma Europa credível", desabafou.
A chanceler alemã saudou, de novo, as reformas em curso nos países do sul, nomeadamente na Grécia e em Espanha. "Pedimos muito às populações destes países, mas as reformas começam a dar bons resultados", disse, sustentando que é preciso prosseguir esse caminho. "Só as reformas estruturas criam um crescimento estável e emprego", defendeu a chanceler Alemã, sem qualquer referência a Portugal.
Num discurso de 40 minutos, que visava antecipar as posições alemãs antes do Conselho Europeu, que começa esta quinta-feira, Angela Merkel repetiu uma visão já partilhada sobre a crise financeira e soluções já adiantadas, insistindo no equilíbrio necessário entre disciplina e solidariedade.
Merkel salientou a importância do pacto de crescimento que faz parte do pacto orçamental europeu e prometeu uma solidariedade "que vai de mão dada com as condições (de rigor) impostas" aos países em crise.