Num ano em que a maioria dos negócios regista perdas históricas, os serviços de entregas ao domicílio estão a crescer.
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O número de restaurantes aderentes às plataformas de entregas já triplicou, nalguns casos, e os pedidos dos clientes durante o primeiro confinamento chegaram a duplicar. Neste segundo estado de emergência, há autarquias a organizar entregas para ajudar os restaurantes a manter a faturação apesar do recolher obrigatório. Porém, as regras em vigor não obrigam comércio, restauração e serviços a fechar e as associações empresariais aguardam esclarecimentos urgentes do Governo.
ofertas aliciam parceiros
O número de restaurantes aderentes à Glovo mais do que triplicou desde os 1100 de janeiro até aos 3400 atuais. O grande impulso deu-se ainda no primeiro trimestre: "No início de março, o crescimento médio de pedidos foi de 60%, depois do anúncio [estado de emergência] feito pelo Estado atingiu os 167%, chegando a 300% na semana de 23 de março e a 375% na última semana". Saldo do ano: +112% de pedidos de comida. Com mais de 2200 estafetas, a empresa está preparada para este segundo semiconfinamento. "A fase atual é muito difícil para os restaurantes, queremos fazer a nossa parte", explicou Ricardo Batista, responsável da empresa em Portugal, anunciando comissões gratuitas até ao fim do ano para todos os novos parceiros.
No caso da Uber, que não revela dados isolados para o mercado português, a diretora de Comunicação refere que seguimos a tendência internacional. "O nosso negócio de entregas a nível global cresceu 135% no terceiro trimestre deste ano, quando comparado com o mesmo trimestre do ano passado [e com um crescimento 113% no segundo trimestre e 54% no primeiro]", adiantou Mariana Ascensão. Para ajudar os restaurantes, a plataforma eliminou a taxa de adesão de novos parceiros e oferece comissões de entrega ao almoço até amanhã.
A empresa portuguesa No Menu emprega "600 a 700 estafetas" em 12 cidades de todo o país e também está a contar com um aumento de atividade. "Os pedidos aumentaram 20% em março/abril e também temos vindo a aumentar o número de restaurantes, que já passam dos 1200", revelou o fundador, Jorge Ferreira. "Temos uma vantagem face às multinacionais: aceitamos encomendas por telefone, por isso fomos líderes nas entregas aos mais velhos, que não usam apps", mencionou.
locais de risco atualizados hoje
"As entregas ao domicílio têm custos elevados para as empresas e não salvam a faturação", contrapôs Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). As plataformas "têm custos acrescidos e reduzida margem", por isso "algumas empresas optam por pôr os seus empregados a fazer distribuição". Todavia, a AHRESP entende que, agora, os restaurantes não estão obrigados a fechar (ver ao lado). Espera-se que o Governo esclareça, hoje, todas as dúvidas, quando atualizar a lista de 121 concelhos abrangidos pelas restrições e clarificar as regras e apoios.