O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos assegurou, esta terça-feira, que a luta contra o aumento "escandaloso" dos transportes vai continuar, e fez um apelo à população para que "aja" de uma forma mais activa.
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"Esta é uma luta que não irá terminar por aqui. Vamos continuar a exigir que estes aumentos escandalosos não sejam concretizados, e que haja um recuo por parte do Governo tendo em conta a rejeição dessas medidas pela maioria dos utentes dos transportes públicos", afirmou Carlos Braga durante uma acção de protesto na estação da Póvoa, em Vila Franca de Xira.
Os aumentos entram em vigor quarta-feira e, em declarações à Agência Lusa, o porta voz do Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) deixa um apelo. "Tem de haver também um agir da própria população e dos utentes no sentido de connosco participarem noutras acções que sejam mais visíveis e que tenham efeitos práticos. Não fiquemos só por acções destas de distribuição de documentos a alertar para estas situações", defendeu.
"Aumentos ilegais"
Carlos Braga criticou os constantes aumentos dos transportes públicos, "o terceiro num prazo de 13 meses", havendo casos em que há títulos dos transportes, ao nível dos passes sociais e dos bilhetes, com "aumentos muito significativos que em algumas situações ultrapassam os 100%". No seu entender estas medidas visam a privatização das empresas de transportes públicos.
O porta voz do MUSP deixa ainda outro protesto. "Estes aumentos constituem-se como ilegais. De acordo com a lei, o Governo tem a obrigação de publicar o novo tarifário com dez dias de antecedência. Até agora publicou apenas alguns valores que não são os totais", criticou.
Carlos Braga considera os aumentos "escandalosos" e um "roubo ao povo" e dá como exemplo a redução de 50% para 25% da comparticipação nos passes sociais dos idosos e dos estudantes.
"Os idosos pagavam 30 euros pelo passe social e agora vão pagar 49. Um aumento mensal de 19 euros. No caso dos estudantes vão passar a pagar o dobro daquilo que pagavam até hoje", explicou o responsável.
Carro visto como "solução"
"Somos dois em casa e estou a ponderar começar a usar o carro. Tenho o passe combinado CP-METRO que vai passar a custar cerca de 63 euros. Um aumento mensal de 10 euros vezes dois. Para quem fica na zona do Oriente pensa seriamente se não é mais barato ir de carro. Não sei se quem tomou estas medidas pensou seriamente em todas as consequências", referiu José Borges, antes de entrar no comboio em direcção a Lisboa.
Susana Covas é outra utilizadora diária dos transportes públicos entre a Póvoa de Santa Iria e a estação de Entre Campos e também não concorda com estes aumentos.
"Deviam era de tirar às pessoas que têm mais posses e não ao povo. Mas o pior é que pagamos mais e a qualidade do serviço prestado pelas empresas de transportes públicos é cada vez pior", disse, revoltada, enquanto aguardava a chegado do comboio.