O presidente do PSD acusou o Governo de ter favorecido "os interesses da banca" ao alterar as condições dos certificados de aforro, prejudicando assim "a maioria dos portugueses". Luís Montenegro também desafiou o sistema financeiro a conceder uma "retribuição maior" dos depósitos bancários, tendo instado a que se encontre um maior "equilíbrio" entre os lucros da banca e os interesses das famílias e empresas.
Corpo do artigo
"O que aconteceu nos últimos dias contraria, mais uma vez, o interesse da maioria dos portugueses", afirmou o líder social-democrata, em Santarém. "Favorece os interesses da banca e, porventura, os interesses do Governo, mas é preciso conciliar esses interesses, que são legítimos, com os interesses das pessoas", argumentou.
Montenegro sustentou que os certificados de aforro são importantes para que as pessoas "que não são grandes capitalistas" nem "grandes detentores de poupança" possam "retirar alguma rentabilidade", ao mesmo tempo que continuam a sentir-se "seguras". "Quando o Governo desincentiva a utilização deste instrumento, naturalmente está a penalizar muito a classe média", referiu.
No entender do líder do PSD, o facto de a nova série de certificados de aforro - que começou esta segunda-feira a ser comercializada - pagar menos aos subscritores do que a anterior é mais uma prova do "completo desrespeito" do Governo pela classe média. Montenegro acusa o Executivo de estar a retirar a muitos portugueses "a possibilidade de poderem poupar e prevenir o seu futuro".
Fazer como no resto da Europa
Questionado sobre se subscreve o pedido do presidente da República - que, na semana passada, pediu que a banca faça "um esforçozinho" para pagar melhor os depósitos -, Montenegro lembrou que Portugal está "na cauda" da Europa no que toca à rentabilidade dos depósitos bancários. Como tal, defendeu que se encontre "um justo equilíbrio" entre os interesses da banca e os dos portugueses.
"Ninguém está aqui a pedir para a banca ter uma atividade deficitária", esclareceu o líder laranja. O que se pretende, vincou, é que o referido setor "acompanhe a evolução" de "valorização dos depósitos" - que, voltou a recordar, "já se faz sentir em toda a Europa".
"As taxas de juro hoje estão elevadas para as pessoas, famílias e empresas, que estão a pagar mais pelos seus empréstimos", frisou Montenegro. "Ora, é justo que se reclame, da parte das nossas instituições bancárias, a mesma postura relativamente às entregas das pessoas e das empresas", completou.