Num discurso emocionado e emocionante, Olena Zelenska, primeira-dama da Ucrânia, falou não só do terror com que, desde fevereiro, a população ucraniana lida, mas principalmente do que todos nós poderemos fazer para ajudar a garantir a liberdade e recuperação do país.
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"Confesso que no que concerne à tecnologia sou apenas uma utilizadora", revelou esta terça-feira em Lisboa, na Web Summit, a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, que acrescentou que a tecnologia tem o poder para mudar o mundo. Basta ver o que está a acontecer no seu país, em que a Rússia põe a tecnologia "ao serviço do terror".
Aparentemente, referiu Olena Zelenska, a tecnologia é bastante simples. "Mas não é o bastante para salvar vidas", apontou. No entanto é o bastante para matar.
"As bombas russas deliberadamente escolhem alvos civis", constatou a mulher do presidente Volodymyr Zelensky que acrescentou que as especialidades e os conhecimentos técnicos de pessoas como as que participam no Web Summit estão hoje no campo de batalha, na Ucrânia. No entanto outros tantos "ajudam o país a recuperar", acrescentou, afirmando que "vocês também podem ajudar a parar este terror".
Por outro lado "a tecnologia, de muitas formas, aproximou-nos, através das redes sociais". E permite que pessoas de todo o mundo conheçam, como que em primeira mão, a dimensão da tragédia. Falando em redes sociais Olena Zelenska lembrou que nestes meses de guerra muitas contas nunca mais serão atualizadas. "Porque os seus proprietários morreram."
Mas há mais consequências. "Como resultado dos ataques russos hoje não temos eletricidade, não temos internet, não temos comunicações", relatou a primeira-dama, revelando ainda ser um desfio levar as crianças para um abrigo de bomba em vez de irem para a escola. "Algo que ainda me parece irreal no século XXI: crianças e abrigos para bombas."
Hoje crianças estudam e interagem num espaço que parecia ser impossível no século XXI. E relatam mensagens que, ainda há bem pouco tempo, pareceriam impossíveis. Olena Zelenska lembrou uma frase dita por uma criança: a de que as pessoas deviam estar a voar para Marte e não para as caves, para se abrigarem das bombas.
"Imaginem o que é um ato terrorista destruir 40% da fonte de energia de um país." É este o cenário com que a Ucrânia lida diariamente. Casas destruídas, território ocupado (onde ainda há pessoas que estão refugiadas em escombros). Estudos revelam que "dois terços dos ucranianos sofrem de ansiedade". E é por isso mesmo que "temos de desenvolver projetos de saúde mental focados na guerra".
Mas, mais do que tudo, "queremos ter a certeza de que toda a tecnologia é utilizada para salvar vidas e não para matar", afirmou Olena Zelenska, que acrescentou que o governo definiu uma meta: a de que as pessoas deverão ter acesso a uma vida plena. "As crianças deverão poder sonhar com o futuro", afirmou, apelando a que todos os presentes escolham um projeto que "ajude a Ucrânia a ser livre, a lutar contra o terror". Sabendo que "a nossa vitória depende de pequenas vitórias".