O capitão do clube de futebol cipriota APOEL, o português Hélio Pinto, contou que as caixas multibanco no país estão sem dinheiro e que muitas já foram vandalizadas, na sequência do anúncio de um resgate europeu. Os bancos estão fechados e deverão reabrir apenas na próxima quinta-feira.
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Os ministros das Finanças da União Europeia aprovaram no sábado um resgate financeiro ao Chipre, que prevê a cobrança de taxas sobre os depósitos bancários, anúncio que provocou uma corrida às caixas multibanco.
Os bancos estão fechados e só deverão abrir novamente as portas na próxima quinta-feira.
"Foi uma surpresa para toda a gente. Quem será mais afetado são os cipriotas, mas toda a gente vai perder alguma coisa. A maioria dos portugueses tem as contas em Portugal e tem enviado o dinheiro todo para lá", disse Hélio Pinto, à agência Lusa por telefone.
O futebolista, que reside no Chipre há oito anos, adiantou que, na sexta-feira, tinha levantado dinheiro, mas que colegas seus foram ao banco e não conseguiram porque já não havia dinheiro nas máquinas.
"Tenho falado hoje com muitas pessoas e o que me dizem é que as caixas multibanco não têm dinheiro e que muitas já foram partidas, vandalizadas", disse.
Hélio Pinto, que é capitão do APOEL, clube que lidera o campeonato de futebol do Chipre, adiantou que tem alguns investimentos no país e manifestou esperança de que o Presidente cipriota consiga negociar condições mais favoráveis para os depositantes.
Em causa poderá estar, segundo várias notícias, uma alteração na taxa a impor sobre os depósitos até 100 mil euros que passaria a ser 3% ou 3,5% em vez dos 6,75% acordados inicialmente, enquanto a taxa para os depósitos superiores a 100 mil euros passaria de 9,9% para 12,5%.
Em discussão poderá também estar uma isenção completa deste imposto para depósitos que inferiores a 20 mil ou 25 mil euros, segundo vários relatos de deputados envolvidos nas discussões, não existindo para já comentários oficiais sobre a existência destas discussões.
O debate e aprovação das medidas previstas no resgate europeu deveria ocorrer esta segunda-feira à tarde, mas a discussão foi adiada para terça-feira.
"Vou perder alguma coisa, mas esperemos que a perda não seja muito grande. Tenho falado com alguns amigos cipriotas e parece que o Presidente está a negociar [reduções]... vamos ver", adiantou.
Hélio Pinto, que em breve verá o seu contrato com o APOEL terminar, disse que o "agravamento da situação no Chipre" o faz pensar cada vez mais em "regressar a Portugal ou ir para outro país".
O jogador de futebol mostrou-se ainda preocupado com o facto de uma medida semelhante poder ser aplicada aos depósitos em Portugal.
Hélio Pinto disse que, nos últimos dias, as conversas com os colegas portugueses do APOEL e com outros estrangeiros vão todas no sentido de que, assim que seja possível, retirarão todo o dinheiro dos bancos cipriotas.
"Quando os bancos abrirem e tivermos possibilidade de mexer no dinheiro, vamos transferir todo o dinheiro para fora do Chipre. É o que muitas pessoas estão a pensar fazer", disse Hélio Pinto, manifestando, no entanto, receio de que tal não venha a ser possível tão cedo.
"Duvido muito que isso seja possível porque aí o colapso seria muito maior", disse.
Mais de meia centena de portugueses jogam no campeonato de futebol do Chipre.