Portugal conseguiu retirar das estatísticas mais de 248 mil desempregados jovens (15-34 anos) entre 2012, ano de maior número de inscritos nos centros de emprego, e 2018.
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O Norte liderou esse processo, representando 43% do total da queda verificada naquele período. A população empregada dentro daquela faixa etária reduziu-se em 511 mil postos de trabalho, situando-se em 1,2 milhões no ano passado, dando a entender que a emigração pode ter sido a opção de muitos.
Os dados anuais do Instituto Nacional de Estatística (INE) comprovam que 248 mil desempregados jovens terão conseguido uma solução para a sua vida entre 2012 e 2018, ano em que havia "apenas" 152 mil pessoas até aos 34 anos sem trabalho. Eram 400 mil seis anos antes. No entanto, do lado do emprego, desapareceram 511 mil.
Por outro lado, daqueles 248 mil "eliminados" das listas de desempregados, quase 150 mil estavam inscritos nos centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), cujos dados permitem perceber que o Norte liderou a luta contra este flagelo (quase menos 70 mil inscritos). O IEFP permite também uma análise por município.
Através de um inquérito ao qual responderam 251 dos 308 municípios, os investigadores do Observatório Permanente da Juventude, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas, fizeram um levantamento das políticas municipais de juventude.
Quando questionados sobre os principais problemas dos jovens, três em cada quatro municípios (74,4%) apontaram o desemprego. No entanto, nove em cada dez não possuem um Plano Municipal de Juventude.
Os dados do IEFP identificam Paredes de Coura como sendo o concelho do continente - de alguma expressão populacional - com uma diminuição mais significativa (-82%) no desemprego jovem naquele espaço de tempo. Torre de Moncorvo, pelo contrário, só diminuiu aquele indicador em 3%.
contextos diferentes
"Como em qualquer outro território do interior, aqui também há alguma dificuldade em inserir os mais jovens no mercado de trabalho, principalmente pelo facto de as ofertas de trabalho existentes por vezes serem precárias, o que dificulta a sua fixação", refere Nuno Gonçalves, presidente da Câmara de Torre de Moncorvo. O município dispõe de um Conselho Municipal de Juventude e de um Gabinete de Apoio ao Investidor.
Vítor Paulo Pereira, presidente da Câmara de Paredes de Coura, desde 2013, refere que nos últimos seis anos o município "passou da melancolia económica para o quase pleno emprego". Para essa nova realidade contribuíram, segundo o autarca, três investimentos industriais do setor automóvel, que criaram um total de "640 novos postos de trabalho": as novas fábricas da Akwell e da Valver Portugal, e a ampliação da Doureca.
"Na captação de investimento não há segredos: muito trabalho, uma relação de confiança com os empresários e velocidade institucional na resposta às necessidades das empresas", afirma Vítor Pereira. "Conseguimos investimento através de boas referências que os empresários dão a outros de nós", garante.
CURIOSIDADES
Extremos escolhidos
Em termos de variação do desemprego jovem, a Golegã conseguiu diminuir em 84%, mas estamos perante um retrato de 18 desempregados em 2018. Monforte aumentou em 10% entre 2012 e 2018, mas trata-se de um aumento de dez pessoas. Optou-se por escolher Paredes de Coura (-82%) e Torre de Moncorvo (-3%) como extremos.
Contributo regional
Entre 2012 e 2018, desapareceram da lista de jovens inscritos no IEFP 149 976 pessoas, 43% no Norte, 32% em Lisboa, 16% no Centro, 5% no Alentejo e 3% no Algarve.