Abebe Selassie, líder da missão do FMI para Portugal, defendeu que o ajustamento decorre "mais ou menos como o previsto", lamentou o elevado nível de desemprego e sustentou que "só cortes e mais cortes não vão funcionar".
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O diretor-adjunto do Departamento Europeu do FMI considerou que, "no conjunto, o ajustamento está a acontecer mais ou menos como previsto", sublinhando que existe a esperança de que o "o crescimento regresse no próximo ano" a Portugal.
"Também ajuda ver que há um apoio político alargado, o que é muito importante para o sucesso do programa, defendeu o etíope Abebe Selassie, que vai chefiar a missão do FMI para Portugal, substituindo Poul Thomsen.
"O essencial no apoio é que dá confiança ao Governo de que a maioria da população apoia o programa", disse o responsável do FMI, Numa entrevista exclusiva ao Jornal de Negócios.
"Se houver muita contestação torna-se mais difícil implementar as reformas. E as reformas são a saída para esta crise", destacou.
Lamentando o facto do desemprego estar "mais elevado" do que o previsto, Abebe Selassie sublinha que o governo português foi incentivado a procurar soluções "através de políticas ativas de emprego".
Para conseguir um ajustamento no sector privado, o etíope considera que só existem duas alternativas, que são aumentar a produtividade para níveis consistentes com os atuais salários ou cortar os salários.
"Os custos unitários de trabalho são cerca de 15% mais elevados do que deveriam ser. Mas o que se pretende não é esse ajustamento. Se a solução for só cortes e mais cortes, então não vai funcionar. A outra forma de o fazer, aquela que vai garantir crescimento sustentável, é melhorar a competitividade", sublinhou.
Abebe Selassie entende que Portugal deve conseguir regressar ao mercado "no terceiro trimestre de 2013", mas admite que "não vai ser fácil".
"A solução passa por uma forte implementação do programa, mostrando aos mercados e aos investidores que se estão a construir resultados, e que a sustentabilidade da dívida está garantida", afirmou, sublinhando que para o sucesso de Portugal também são necessárias melhores condições nos mercados internacionais.