Residentes têm vontade de viajar e vouchers de 2020 por usar, mas a incerteza não anima as reservas no turismo cá dentro nem lá fora.
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O atual estado de confinamento, os valores ainda elevados de internamentos e o atraso na vacinação não estão a motivar as reservas dos portugueses para a Páscoa. Agências de viagens, operadores turísticos e hoteleiros sabem que "a procura existe", há vouchers de viagens de 2020 por resgatar e, mal haja condições, a retoma virá. Mas este ano só deverá ser "um bocadinho melhor do que 2020", a correr bem, porque tornará a haver só turistas nacionais. Os estrangeiros só são esperados em 2021.
"Em relação à Páscoa, não há procura", anuncia Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). "Estamos confinados e as reservas tendem a seguir o sentido inverso dos números da covid-19: quando estes sobem, as reservas descem", resumiu. Quanto ao verão, a incerteza ainda domina.
"Temos de estar preparados para trabalhar no período pós-Páscoa, sabendo que vai focar-se no mercado nacional, Madeira e Açores", admitiu o presidente da APAVT.
Os operadores não podem esperar pela procura para organizar a oferta, por isso estão previstos voos charter a começar já em junho e com "alguma procura". Mas com a incerteza sobre a concretização ainda a reinar, até porque os cancelamentos são permitidos até 30 de abril.
Nuno Mateus, diretor da Solférias, acredita que "Portugal vai ser o principal destino de férias, este ano, mas talvez já vá ser possível viajar para locais próximos que apresentem alguma segurança, como Marrocos (que tem passado a mensagem de ser dos países que mais vacinam) e até Cabo Verde, que só exige testes rápidos".
Casas com piscina
A maior agência portuguesa, a Abreu, confirma o interesse e a procura dos portugueses, até porque há viagens adiadas no ano passado que poderão ser feitas este ano. "Espera-se que as luas de mel que, no ano passado, foram adiadas, sejam agora concretizadas para destinos como as Maldivas, as Seychelles, Zanzibar, entre outros", explicou Pedro Quintela, diretor de Vendas e Marketing. "Existe procura e, em termos de destinos, o mercado nacional continua a ser uma tendência, seja em termos de hotelaria, seja de moradias, um pouco por todo o território, mas com maior incidência no Algarve, Madeira e Porto Santo, além dos Açores", adiantou.
Fora das agências de viagens, a procura de casas de férias aumentou 45% na última semana, no OLX, tendo a tendência começado logo no início do mês. "Verifica-se uma procura mais elevada por moradias ou imóveis com piscina privada", revelou Alexandra Santos, marketing lead do OLX Portugal, que contabilizou o aumento da procura de piscinas privadas em 75% desde o início deste mês. Quanto a regiões mais procuradas, o destaque é para o Algarve e quanto a preços médios, a maioria procura 300€ (22%), 200€ (18%) e 400€ (18%).
concorrência regional
Segundo a Associação da Hotelaria de Portugal, cerca de metade dos hotéis continua fechada e a Páscoa, com as férias dos estudantes cortadas para metade, não será altura para o habitual arranque da época turística. "Só no verão poderá haver alguma normalidade, apenas com o mercado interno e, a correr bem, os espanhóis", lamentou Cristina Siza Vieira, diretora-executiva da associação.
Para captar estes turistas, as regiões desdobram-se em campanhas, para já de gestão de marca. É o caso do Centro, que tem apostado nos podcasts e em webinars, e do Algarve, que convida os portugueses a lembrar a região com wallpapers no computador.
"No verão de 2020, fomos a região preferida dos portugueses e estamos confiantes que vai repetir-se em 2021", declarou Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte. A região aposta no termalismo, no enoturismo (com uma nova rota que integra três regiões demarcadas) e no lazer e bem-estar para se afirmar como "destino seguro e sem perigo de covid-19".