Portugal será a única das economias periféricas da zona euro em recessão no próximo ano, apresentando também os défices correntes mais elevados, segundo as últimas previsões do FMI.
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O 'Panorama Económico Global' do Fundo Monetário Internacional, divulgado esta segunda-feira, aponta para uma quebra de 1,5 por cento na economia portuguesa em 2011 e de 0,5 por cento em 2012, quando Grécia, Irlanda e Espanha já deverão apresentar taxas de crescimento entre 1,1 por cento e 1,9 por cento.
Enquanto os défices correntes na Irlanda e, em menor grau, na Espanha, caíram no último ano para níveis mais sustentáveis, no caso de Portugal e da Grécia permanecem "excessivamente altos", respectivamente em 10,4 por cento e 9,9 por cento.
"Há sinais de uma inversão nestes quatro países. Inicialmente ajustaram-se através de uma contracção das importações, mas as exportações começaram a contribuir para o ajustamento em 2010", refere o relatório numa secção dedicada às economias da zona euro pressionadas pelos mercados, que faz uma comparação com a experiência dos países do Báltico no ajustamento pós-crise de 2008.
O 'Panorama Económico Mundial' (WEO) hoje divulgado pelo FMI, aponta para um crescimento de 2,4 por cento nas economias desenvolvidas este ano e 2,6 por cento no próximo, muito abaixo do ritmo das economias dos países em desenvolvimento: 6,5 por cento em 2011 e 2012.
Para a gestão da crise nas economias periféricas da Zona Euro, o FMI recomenda reformas que contribuam para o aumento da produtividade e ajustamentos dos custos laborais promovendo negociações salariais descentralizadas, remoção de mecanismos de indexação e redução de custos de despedimento, medidas já a ser implementadas na Grécia e Irlanda.
"A consolidação orçamental em curso para lidar com os níveis de endividamento público elevado destes governos também vai contribuir para o ajustamento externo. A curto prazo, aumentar impostos ou cortar despesas públicas melhora o défice corrente restringindo a procura interna, incluindo importações", sublinha.
"A médio prazo, será útil criar folga para cortar impostos, assim dando apoio ao investimento privado e ao lado oferta", adianta o relatório hoje divulgado pelo FMI.