Portugal e Espanha confiam que a aprovação de um mecanismo permanente de estabilização financeira seja interpretada como "uma mensagem nítida" do compromisso da União Europeia com o euro e sirva também para aliviar a pressão sobre a dívida pública.
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O entendimento foi manifestado no final de uma reunião bilateral entre o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, e o seu homólogo de Espanha, Diego López Garrido.
O encontro, que se prolongou por três horas, destinou-se a discutir os principais pontos do próximo Conselho Europeu, de 16 e 17 de Ddezembro.
Pedro Lourtie sublinhou que as medidas de ajustamento orçamental adoptadas por Portugal e os outros membros da União Europeia são acompanhadas por outras medidas destinadas a fomentar "o crescimento económico para sair da crise" e evitar desequilíbrios.
Sobre a situação financeira portuguesa e a pressão sobre a sua dívida - cujos juros rondaram hoje os seis por cento - Lourtie assinalou que o ajustamento orçamental aprovado pelo Governo conta com o apoio do resto dos membros da União Europeia.
"Não houve pressões para Portugal ceder [recorrer a um pedido de ajuda financeira], pelo contrário, recebemos indicações dos outros membros de que as medidas adoptadas eram muito positivas", assinalou.
Já López Garrido sustentou que o principal objectivo político do Conselho Europeu é o de "transmitir uma mensagem muito nítida do compromisso da UE com o euro, que toda a Europa está com a sua moeda, que é uma parte essencial do projecto" europeu.
"Sabemos que [os efeitos da crise] seriam muito piores sem a UE, que é uma aliança fundamental e que demonstrou a sua importância nos piores momentos, como agora", insistiu.
Os dois dirigentes mostraram-se confiantes em que os 27 Estados-membros alcancem um acordo em Bruxelas para estabelecer um mecanismo permanente de estabilização financeira que substitua o actual, de carácter temporal e de curto prazo, que acaba em 2013.
López Garrido assegurou que a criação deste mecanismo "ajudará a estabilizar os mercados" internacionais, atualmente preocupados com a situação financeira de Portugal e Espanha e que especulam sobre a possibilidade de estes Estados terem de recorrer à ajuda do Fundo Monetário Internacional, à semelhança da Irlanda e da Grécia.