O Fundo Monetário Internacional recomendou que Portugal mantenha "uma almofada financeira ampla", uma vez que as necessidades de financiamento de médio prazo "continuam elevadas".
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No relatório divulgado esta quinta-feira, relativo à segunda missão de monitorização pós-programa, que teve lugar de 4 a 12 de junho, o FMI afirma que "as condições de financiamento pioraram desde março", embora considere que "continuam geríveis".
A instituição liderada por Christine Lagarde recorda que Portugal já executou três quartos das emissões de dívida previstas para 2015, que as recompras de dívida de curto prazo ajudaram a suavizar o perfil de amortização de dívida e que as autoridades portuguesas tinham em maio uma almofada financeira de 15,9 mil milhões de euros, "suficiente para cobrir as necessidades de financiamento até março de 2016".
Para o Fundo, "vai ser essencial manter a credibilidade política para assegurar condições de financiamento favoráveis", apontando a Grécia como um fator de risco a ter em conta.
"Com o aumento da volatilidade dos mercados financeiros no contexto dos desenvolvimentos na Grécia, é crucial garantir que os investidores continuam confiantes nas políticas económicas", adverte o FMI, destacando ainda que esta maior volatilidade "implica riscos significativos em torno do plano de financiamento inicial".
Além da Grécia, a instituição identifica o elevado 'stock' de dívida pública, privada e externa como "uma fonte de vulnerabilidade".
Por isso, a instituição reitera que Portugal deve "continuar a reter uma almofada financeira ampla para manter a flexibilidade na implementação do seu programa de financiamento".
Na resposta, o Governo disse estar confiante de que Portugal está isolado de qualquer volatilidade de curto prazo relacionada com a Grécia e que a almofada financeira do país "é suficiente para navegar com sucesso a turbulência de curto prazo do mercado", reiterando que o ajustamento orçamental e as reformas adotadas "reforçaram tanto a credibilidade dos investidores como a resiliência da economia".
Além disso, o executivo de Pedro Passos Coelho garantiu ao FMI que pretende "manter uma almofada suficiente para cobrir pelo menos seis meses de necessidades brutas de financiamento numa base contínua até 2017".