A taxa de poupança dos portugueses aumentou, perspetivando-se que atinja os valores de 2020 até ao final do ano, mas a falta de literacia financeira condiciona a rentabilidade do dinheiro amealhado. Mais de 40% do montante colocado nos bancos está em contas à ordem.
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O porquinho mealheiro das famílias está mais recheado do que nos anos anteriores, mas a falta de literacia financeira ainda é um entrave para tirar proveito da poupança. Por serem fáceis de compreender, os depósitos a prazo continuam a ser um investimento muito procurado, mas mais de 40% do dinheiro colocado no banco está “parado”. Os especialistas em finanças pessoais defendem medidas e incentivos para rentabilizar o montante amealhado. “É um bocadinho revoltante porque as famílias fazem um grande esforço para poupar e depois acabam por deixar o dinheiro parado na conta à ordem, o que faz com que percam todos os dias dinheiro por via da inflação”, aponta a coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco.
De acordo com o Banco de Portugal (BdP), dos 189 309 milhões de euros acumulados nos bancos em outubro, 80 493 milhões de euros estavam em contas à ordem. Apesar do dinheiro “perdido” por não estar a render, Rosário Nunes considera “muito positivo” o aumento da taxa de poupança que, segundo o BdP, deverá atingir 11,5% até ao final do ano, próxima dos 12% alcançados na pandemia. “Gostaríamos que as famílias tivessem este comportamento de forma constante, que não fosse por ciclos”, afirma a responsável da Deco, indicando a incerteza gerada pelo cenário geopolítico, como a guerra na Europa, e o aumento do rendimento, possível graças à subida dos salários, como fatores que contribuíram para este crescimento.