
A Ryanair admitiu perdas de 100 milhões de euros entre março e junho devido ao cancelamento dos voos
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Se a lotação dos aviões for reduzida, o preço dos bilhetes vai subir pelo menos 50%, avisam as transportadoras, quando Bruxelas se prepara para anunciar as medidas que permitirão retomar os voos na Europa.
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O Governo português criou regras excecionais para os voos operados neste período de pandemia, que a transportadora nacional tem cumprido: "A TAP não tem qualquer caso de sobrelotação nos voos e respeita a limitação dos dois terços de ocupação definida pelas autoridades portuguesas", sublinhou fonte oficial da companhia ao JN/Dinheiro Vivo, quando passageiros espanhóis denunciaram voos lotados na Iberia.
Mas não há viabilidade financeira que aguente essa limitação durante muito tempo. De acordo com a IATA, associação do setor, manter uma ocupação de dois terços faria disparar os preços dos bilhetes de avião em 43% e 54% e condenaria à morte praticamente todas as transportadoras. Só quatro em 122 companhias aéreas de todo o Mundo poderiam sobreviver a essa medida, estima a IATA, citada pelo "El País".
Medidas em cima da mesa
Hoje, a Comissão Europeia deve emitir as recomendações que a aviação e o turismo devem seguir para retomar das suas atividades e que passarão pelo uso obrigatório de máscaras nos voos, conforme defendeu a comissária europeia dos Transportes, Adina Vãlean, eliminação de certos serviços a bordo, medição de temperatura e medidas de higiene reforçadas. A ideia de deixar lugares vazios entre passageiros também está em cima da mesa, ainda que a comissária não o defenda e as companhias aéreas avisem que essa medida levaria ainda a maiores prejuízos.
Ao nível dos governos europeus, não há unanimidade quanto às medidas a adotar. O ministro português da Economia, Pedro Siza Vieira, defende a utilização de máscara nos voos, mas exclui a necessidade de lugares vazios. O mesmo defende a Lufthansa. E se Paris alinha por igual discurso, Madrid não concorda.
O distanciamento social, a ser aplicado nas aeronaves, seria mais penalizador para as low-cost, uma vez que é justamente pelo maior número de lugares disponíveis e serviço reduzido que conseguem esmagar preços.
"Se o lugar do meio tiver de ficar vazio, a Ryanair vai manter a sua frota em terra", garantiu o presidente da companhia, que já admitiu perdas de 100 milhões de euros entre março e junho, abrindo a porta a despedimentos. Também a easyJet já avisou que limitar lugares nos aviões fará subir "exponencialmente" o preço, pondo em risco a sobrevivência das companhias.
