O presidente do BPI defendeu, esta quarta-feira, que os 66 mil milhões de euros de financiamento da 'troika' ao Estado "não chegam" para as necessidades, escusando-se a confirmar se o ministro das Finanças pediu aos bancos para renovarem crédito às empresas públicas.
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Questionado sobre se o motivo da reunião dos presidentes dos bancos portugueses e do presidente da Associação Portuguesa de Bancos, António de Sousa, com os ministros das Finanças, na terça-feira, serviu para pedir a estes para refinanciarem as empresas públicas, Fernando Ulrich disse que não comentava um encontro à porta fechada.
"Não confirmo que o ministro tenha pedido o que quer que seja aos bancos", afirmou, acrescentando, ainda assim, que os "66 mil milhões de euros não chegam", pelo que "a manta tem de ser completada de alguma maneira".
Do empréstimo de 78 mil milhões de euros contraído junto da 'troika', 12 mil milhões de euros estão destinados ao fundo de capitalização da banca, pelo que sobram 66 mil milhões de euros.
Ainda sobre os empréstimos da banca ao Estado, Fernando Ulrich disse que "a qualidade desse crédito é pior do que o da dívida soberana" e deu exemplo de empresas como a Metro ou a CP. "O sensato seria não dar crédito ao sector público", acrescentou, admitindo que tal não poderia acontecer pelas consequências que adviriam.
No almoço-conferência "O poder económico em Portugal em tempo de crise", do "Jornal de Negócios", em Lisboa, o presidente do BPI afirmou que os bancos estão muito preocupados com o risco de crédito, e que esse é um dos motivos que está a condicionar a concessão de crédito pelas instituições financeira.
Segundo o responsável, quando o Produto Interno Bruto (PIB) português "cai em dois anos cerca de 5%é natural que o risco de crédito seja grande", motivo pelo qual os bancos estão a "ser mais exigentes na qualidade do risco".
O presidente do BPI defendeu ainda que os bancos têm um grande controlo sobre os seus balanços, pelo que não está à espera de surpresas das inspecções da 'troika'. "Nós controlamos melhor as nossas contas do que as autoridades públicas as da Madeira", afirmou.