O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, negou, esta sexta-feira, que as conversações com o Governo grego tenham sido retomadas e que um acordo entre as partes esteja próximo, desmentindo assim o ministro das Finanças da Grécia.
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Numa entrevista à rádio irlandesa RTÉ, Yannis Varoufakis assegurou que um acordo com os credores está "mesmo à mão" e que as negociações com as instituições europeias têm estado a desenrolar-se, apesar da anunciada suspensão das mesmas.
"Não foram enviadas novas propostas a Atenas, não estamos próximos de uma solução e não vamos falar com os gregos até que tenhamos um resultado do referendo", afirmou o presidente do Eurogrupo, que falava aos jornalistas em Haia, na Holanda.
O também ministro das Finanças holandês foi perentório a desmentir o homólogo grego: "A notícia de Varoufakis a dizer que existe uma nova proposta de Bruxelas e que estamos próximos de um acordo está completamente errada", afirmou, citado pela agência financeira Bloomberg.
Jeroen Dijsselbloem recusou também especular sobre um terceiro resgate, considerando que isso "depende do referendo".
Sobre a análise sobre a sustentabilidade da dívida grega, divulgada na quinta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente do Eurogrupo considerou que está desatualizada, uma vez que baseou-se no "programa anterior e com assunções anteriores".
"Além disso, olharam para o fardo da dívida em termos nominais em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB)", disse, explicando que Bruxelas prefere analisar se Atenas, caso tenha um novo programa, "consegue pagar a sua dívida todos os anos".
"Parece que sim", afirmou.
O presidente do Eurogrupo disse ainda que "o fardo da dívida grega numa base anual é muito mais reduzida do que as pessoas pensam".
Na terça-feira, o FMI divulgou um relatório datado de 26 de junho (dia do anúncio do referendo grego), afirmando que a dinâmica da dívida pública grega é insustentável e defendendo uma extensão das maturidades dos empréstimos europeus em conjunto com novas reformas para inverter essa tendência ou, se isso falhar, um corte da dívida.
"No final do verão de 2014, com as taxas de juro a descer, parecia que não seria necessário um alívio da dívida ao abrigo do acordo de novembro de 2012. Mas várias alterações nas políticas desde então - além de um excedente orçamental primário e um esforço reformista mais fraco - estão a criar novas necessidades de financiamento", explicou o FMI.
Estas necessidades, apontou a entidade no relatório, podem significar 50.000 milhões entre outubro de 2015 até ao final de 2018, requerendo "novo dinheiro europeu" de pelo menos 36.000 milhões durante esse período de três anos.
"Em cima de uma já muito elevada dívida, as novas necessidades de financiamento tornam a dinâmica da dívida pública insustentável", afirmou a instituição liderada por Christine Lagarde.
Para a instituição liderada por Christine Lagarde, "para garantir que a dívida é sustentável, as políticas gregas vão ter de voltar ao caminho definido, mas também, pelo menos, as maturidades dos empréstimos europeus terão de ser estendidas significativamente", enquanto os novos financiamentos europeus, previstos para assegurar as necessidades de financiamento nos próximos anos, "terão de ser garantidos com base em termos concessionais semelhantes".
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que deseja "um corte de 30% da dívida" da Grécia e um período de carência de 20 anos para assegurar "a viabilidade" da mesma.