José Manuel Espírito Santo Silva, administrador não executivo da ES Internacional, vice presidente da ESFG e do Banque Privee, começou esta tarde a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES com um pedido de desculpas institucional aos clientes lesados pelo que se passou no BES.
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"Lamento profundamente o que sucedeu. Uma coisa são as responsabilidades individuais, e isso será apurado pelas entidades competentes e eu assumo as minhas. Mas outra coisa é a responsabilidade institucional", disse no início da sua intervenção, dirigindo as suas primeiras palavras aos clientes, investidores e colaboradores que confiaram na marca BES.
"Merecem pelo menos um pedido de desculpa institucional. Sei que estas palavras não resolvem o seu problema mas quero começar por aí, é o meu dever", disse José Manuel Espírito Santo Silva, numa atitude que foi elogiada pelo deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, que abriu a inquirição.
"É a primeira vez nesta comissão que alguém dirige palavras aos clientes, quero cumprimentá-lo por isso", disse o deputado.
Questionado pelo deputado, o ex-membro da comissão executiva do BES disse que desde 2009/2010 que o ex-contabilista do grupo, Machado da Cruz, se mostrava "preocupado com a dívida e com o alavancamento da ESI, mas nunca referiu que havia alteração nas contas, nunca me referiu isso".
"O assunto dizia respeito aos responsáveis da tesouraria do grupo, que estava totalmente centralizada no doutor Ricardo Salgado, doutor José Castella e doutor Machado da Cruz, que tinham a responsabilidade da tesouraria e das contas. E que, quando nos apresentavam essas contas, acreditávamos que as contas estavam bem", sublinhou, insistindo no desconhecimento da situação da manipulação das contas da ESI, tal como já fizera, esta manhã, na mesma comissão, Manuel Fernando Espírito Santo Silva, CEO da Rioforte.
Confiança em Salgado
Questionado pelo deputado do PSD sobre se se arrepende de ter confiado em Ricardo Salgado, em particular na assinatura das cartas de conforto, José Manuel Espírito Santo respondeu com uma pergunta: "Quem é que em Portugal não confiava no doutor Ricardo Salgado?".
O primo de Ricardo Salgado descreveu assim a proximidade entre ambos: "Somos como dois irmãos", disse. "Neste momento estou a percorrer um caminho em que, de facto, estou surpreendido com muita coisa que se está a passar e que está a ser averiguada, também por esta comissão", acrescentou.
"Vou esperar pelos resultados e esperar que os resultados me permitam continuar com essa amizade e com essa vivência que tive com o doutor Ricardo para toda a vida e, se não for assim, é uma desilusão para mim", confessou.