O ex-ministro Teixeira dos Santos afirmou, esta terça-feira, que a privatização acelerada do Banco Português de Negócios foi inscrita no memorando da troika como alternativa à liquidação do banco, que geraria uma corrida ao levantamento de depósitos.
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A posição foi defendida pelo ex-ministro de Estado e das Finanças Teixeira dos Santos na comissão de inquérito parlamentar sobre a nacionalização e privatização do BPN, após questões formuladas pelo deputado comunista Honório Novo.
Honório Novo considerou muito estranho que tenha sido o próprio executivo de José Sócrates a sugerir à "troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) "a privatização acelerada" do BPN, tendo adiado sistematicamente a injeção de 500 milhões de euros para a recapitalização deste banco já nacionalizado.
Teixeira dos Santos respondeu então que o Governo de José Sócrates, na elaboração do memorando de assistência financeira ao Estado Português, foi confrontado pela troika com um cenário de liquidação do BPN.
"A privatização do BPN não surgiu por espontânea decisão do Governo, surgiu porque a "troika' apontava para um cenário de liquidação do banco. O Governo de então entendeu que o cenário de liquidação do BPN acabaria por ser mais oneroso para o Estado do que um cenário de alienação", disse o ex-ministro socialista, antes de avançar com um segundo argumento.
"Com a liquidação do BPN, a concretizar-se, seriamos confrontados com sérias dificuldades. Tornar público, no âmbito do memorando da "troika", que o BPN seria liquidado, tal suscitaria uma corrida a levantamentos a depósitos do banco - e isso geraria imediatamente um problema de liquidez", alegou Teixeira dos Santos.
Segundo o ex-ministro de Estado e das Finanças, "como contra proposta à liquidação, surgiu o cenário de uma privatização rápida".
"A "troika" aceitou não se proceder à liquidação do BPN, mas exigiu uma privatização rápida, em curto período de tempo", frisou.
Já em relação à questão de Honório Novo no sentido de se saber o motivo que levou o Governo de Sócrates a adiar a injeção de 500 milhões de euros para recapitalização do BPN, Teixeira dos Santos argumentou que essa operação só seria urgente se estivesse iminente a privatização do banco, o que não aconteceu entre o final de 2010 e o primeiro semestre de 2011.