O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, João Machado, afirmou, quarta-feira, que o sector agrícola pode dar "um grande contributo ao país" substituindo as importações e considerou fundamental a manutenção dos fundos comunitários e do investimento nacional.
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"Temos 3500 milhões de euros em importações anuais, que podem ser substituídas por produção nacional; é isso que queremos que a 'troika' perceba", disse o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), João Machado, à saída da reunião com os peritos do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
O presidente da CAP frisou que o sector agrícola "pode dar um grande contributo" ao país e "prevenir o abastecimento nacional", lembrando que Portugal "ainda importa 30% do que consome" e que "parte pode ser produzido no país se os fundos forem mantidos" e o país continuar a investir.
João Machado frisou que os fundos comunitários da política agrícola comum "são fundamentais", assim como "o são os fundos nacionais".
"Pedimos que seja mantido o investimento nacional para podermos aceder aos fundos comunitários e também uma melhor gestão do governo e do ministério da agricultura para os agricultores receberem a tempo e horas as comparticipações a que têm direito", reforçou.
Na reunião com a 'troika' foi abordado o mercado de trabalho, que a CAP defendeu ser "muito diferente" do dos outros sectores, apesar de admitir precisar de legislação particular e flexibilidade, mas o salário mínimo foi considerado "uma questão menor". Já o subsídio de desemprego e os cortes salariais ficaram de fora.
Sobre a reacção da troika às preocupações e sugestões da CAP, João Machado afirmou que os especialistas "quiseram sobretudo ouvir".
Neste momento, a 'troika' está reunida com o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), António Saraiva.
A 'troika' iniciou na segunda-feira as negociações com os responsáveis portugueses para delinear um plano de ajuda financeira a Portugal, após o pedido feito pelo primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, a 6 de Abril.
A equipa liderada por Jürgen Kröger (CE), Rasmus Rüffer (BCE) e Poul Thomsen (FMI) está a realizar encontros com várias entidades, de modo a estabelecer os compromissos que Portugal terá de assumir para, em troca, receber a ajuda financeira. Quando houver acordo, será redigido um memorando de entendimento, que será enviado para Bruxelas e terá de ser aprovado pelo Ecofin, que reúne os ministros das Finanças da União Europeia.