A grande aposta da Associação Portuguesa de Bancos para o próximo ano é promover a literacia financeira junto da população mais jovem, revelou o presidente António de Sousa, que está há um ano à frente da entidade.
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"Vamos investir na literacia financeira, porque é fundamental que as pessoas saibam o que estão a comprar", afirmou o presidente da APB à Lusa, em referência aos produtos financeiros, defendendo a promoção de acções de sensibilização nas escolas.
"É uma área em que estamos a preparar um programa para apresentar ao Ministério da Educação", avançou António de Sousa, explicando que "o sistema bancário é o mais interessado nesta situação por causa da actuação de instituições que estão na franja do sistema". Por isso, o responsável aponta para a necessidade de "as pessoas perceberem as coisas simples".
António de Sousa fez o balanço dos primeiros 12 meses que leva à frente da APB, tendo dito que "o maior desafio foi a modificação de todo o enquadramento do sistema financeiro no último ano".
Além das questões da regulação, quer em termos nacionais, quer internacionais, o presidente da APB apontou para o reforço da estrutura da associação, com a contratação de quatro quadros (dois seniores e dois juniores), bem como com a ligação a vários professores universitários.
"Os momentos mais complicados foram os últimos meses, marcados pela crise de liquidez, uma situação que permanece", realçou António de Sousa, lembrando as "crises financeiras sucessivas" que têm pressionado o sector bancário, desde o surgimento do problema do 'subprime'.
António Sousa disse que "a crise do subprime e a do Lehman Brothers foram uma sequência lógica, algo que não acontece com a crise actual, a crise da dívida soberana".
Esta última "surge no momento em que os países reagiram à crise, mas surgiram os problemas na Grécia (com números errados) e na Irlanda (com o sistema financeiro a explodir e com a dívida total a saltar para valores totalmente desproporcionais, na ordem dos 1000%), que criaram uma situação que se transmitiu a outros países, ainda que com intensidades diferentes", considerou.
Portugal e Espanha foram dos principais afectados, mas António de Sousa apontou ainda para o impacto sentido na Bélgica, Itália e França.
"Aconteceu aquilo em que ninguém apostaria há um ano, colocando-se em causa a própria conceção do euro", sublinhou, ainda que considere que também nos Estados Unidos da América (EUA) e no Japão se vivem situações altamente preocupantes.
"Os mercados são como são e foi contra o euro que se viraram", afirmou, defendendo que "a surpresa fez demorar a resposta" aos ataques dos especuladores.
"As respostas das autoridades europeias foram adequadas, mas as medidas demoraram demasiado tempo a serem implementadas e com muita perturbação do mercado", salientou António de Sousa.