Propostas de Bruxelas sobre "eurobonds" são "muito inquietantes e desadequadas", diz Merkel
A chanceler alemã, Ângela Merkel, criticou as propostas de "eurobonds" que vão ser apresentadas hoje pela Comissão Europeia, considerando que são "muito inquietantes e desadequadas" porque partem da premissa que a mutualização das dívidas resolve a crise na zona euro.
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"Acho que é muito inquietante e desadequado que a Comissão proponha hoje 'eurobonds' em diversas formas, como se através da mutualização das dívidas pudéssemos evitar o problema das falhas das estruturas da União Económica e Monetária", disse Merkel, em Berlim, durante o debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2012.
Isso não resulta, "temos é que exigir que os tratados sejam vinculativos, para evitar que sejam violados sistematicamente, e por isso é que propusemos que sejam alterados", acrescentou Merkel.
O primeiro passo a adoptar, na opinião da chefe do governo alemão, é uma união fiscal, seguida pela harmonização das políticas dos países do euro, nomeadamente a harmonização da idade da reforma.
"Não há soluções simples, temos de recuperar a confiança política perdida, e esta só poderá ser recuperada com medidas políticas graduais", advertiu a chanceler.
Merkel voltou também a pronunciar-se contra a alteração do actual mandato do Banco Central Europeu (BCE), defendendo que este deverá continuar a ser apenas responsável pela estabilidade de preços, e não pelo financiamento ilimitado dos Estados da moeda única.
"Precisamos de instituições independentes na União, e por isso o mandato do banco Central não deve ser alterado", sublinhou.
Durante o debate parlamentar, o líder da oposição social democrata, Sigmar Gabriel, acusou o executivo de centro direita e a própria Merkel de empurrar os países do euro em dificuldades financeiras para a recessão e, simultaneamente, impedir que estes se refinanciem em condições justas.
"A Europa precisa de mais do que de uma política de austeridade, precisa de programas de crescimento, e de um impostos sobre transacções financeiras para combater o desemprego", afirmou Gabriel.
O dirigente social democrata acusou ainda Merkel de estar a fazer uma política "pouco credível" para a Europa, por exigir aos países endividados que poupem e, com o Orçamento do Estado para 2012, aumentar o endividamento em cerca de quatro mil milhões de euros, em relação a 2011, apesar da previsão de um excedente da colecta fiscal e da descida dos juros a pagar pelo Estado.