Ocupação perto dos 100% nas localidades que recebem a prova. Forças policiais cumprem plano de segurança apertado.
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Desde 2015 que o Rali de Portugal é uma das principais bandeiras do Turismo do Porto e Norte e esta quinta-feira volta à estrada, com o "shakedown", depois de um interregno de um ano por causa da pandemia da covid-19.
Até domingo, os automóveis vão preencher a agenda mediática naquele que será o primeiro evento desportivo de massas em Portugal a ter público e os efeitos são evidentes: a hotelaria das pequenas localidades onde a prova vai passar já está perto dos 100% de ocupação. Logo, as medidas restritivas de segurança sanitária não estão a afastar o público da estrada.
"Estamos completamente lotados", referiu ao JN Liliana Silva, do Hotel de Arganil e Hotel Canário. "A maioria são hóspedes nacionais, mas no passado recebíamos mais estrangeiros", notou. Mais a norte, em Cabeceiras de Basto, "já é habitual o rali encher o hotel" e, este ano, a novidade é "o número reduzido de espanhóis em relação aos portugueses", explicou Ana Mota, do Basto Vila Hotel. Também em Fafe, desde que se soube que o Rali de Portugal teria público, "a procura foi a habitual para estes eventos" desportivos. "Estamos com a lotação esgotada e temos rejeitado muitos pedidos. Já não há onde dormir na região", disse ao JN Bruno Gonçalves, do Hotel Fafense.
O aumento da taxa de ocupação hoteleira terá forte impacto na economia local, sobretudo nos serviços da restauração, um dos mais castigados durante o confinamento. No ano passado, devido à pandemia, o Rali de Portugal não foi para a estrada, mas os últimos números conhecidos, da edição de 2019, apontaram para um encaixe financeiro recorde de 141,2 milhões de euros, injetados na economia nacional, mais 2,9 milhões do que na edição do ano anterior. Deste valor, o estudo encomendado pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP) refere que 73,42 milhões foi dinheiro de despesas diretas efetuadas pelo público e pelas equipas nas regiões Norte e Centro.
Plano exigente para a GNR
É uma prova sem lugares marcados, ou bilhetes, de acesso livre, pelas serras, para a qual a Direção-Geral de Saúde, em articulação com o ACP e a GNR, elaborou um plano de segurança que vai exigir muito das forças policiais. A Associação de Profissionais da Guarda (APG) considera "irrealista o que se pretende fazer no rali", sobretudo no que respeita à presença de apenas uma pessoa por cada oito metros quadrados. Paulo Pinto, coordenador da APG no Norte, olhou para o plano da DGS e explica-o "por ter sido feito por quem está dentro de um gabinete e pensa que aquilo é um pavilhão ou um estádio. Todos os profissionais da guarda que costumam estar neste evento sabem que é humanamente impossível", acusou. O apelo deste dirigente é de ponderação e respeito pelas regras, direcionado aos adeptos dos ralis que também terão de ser "fiscais de si próprios".
Além da região do Grande Porto, onde está instalado o centro nevrálgico, o Rali de Portugal passa por Lousã, Góis, Arganil, Mortágua, Lousada, Amarante, Cabeceiras de Basto, Vieira do Minho, Fafe e Felgueiras.