Os 72 milhões de euros de portagens nas ex-Scut arrecadados pela Estradas de Portugal até Agosto correspondem a pouco mais de 10% do custo anual do Estado, em 2010, com as autoestradas sem custos para o utilizador.
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O ex-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações António Mendonça revelou, em Maio de 2010, na Assembleia da República, que "as Scut custam ao país cerca de 700 milhões de euros por ano" e que as receitas anuais resultantes da introdução de portagens seriam de "120 a 130 milhões".
Contudo, nos primeiros 10 meses e meio de cobrança de portagens em três antigas Scut (Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata), as receitas foram de apenas 72 milhões de euros, segundo dados revelados na terça-feira, à agência Lusa, pela Estradas de Portugal (EP).
Mantendo o ritmo de cobrança registado entre 15 de Outubro de 2010 e 31 de Agosto de 2011, as receitas totais do primeiro ano de portagens deverão rondar os 80 milhões de euros, 11,4% do custo total do Estado com as Scut e cerca de um terço aquém da previsão de António Mendonça.
O custo anual de cerca de 700 milhões apontado pelo antigo ministro deverá actualmente pecar por defeito, em consequência da renegociação dos contratos com as concessionárias, que deverão custar ao Estado entre 600 e 700 milhões de euros, segundo valores adiantados esta semana pela comunicação social.
Estas notícias levaram já as bancadas parlamentares do PSD e CDS a solicitarem a presença no Parlamento de António Mendonça e do ex-secretário de Estado das Obras Públicas Paulo Campos para darem explicações sobre o desvio encontrado.
Segundo a EP, a evolução do tráfego nas três concessões que passaram a ter portagens "regista, relativamente a 2010, uma quebra média que se encontra apenas 10% abaixo das expectativas", com 70 milhões de transacções efectuadas até Agosto.
Números justificados pela empresa com o estudo elaborado inicialmente, em que as estimativas previstas "apontavam já para uma quebra de tráfego decorrente da introdução de portagens" na ordem dos 27%.
"Quando comparados os valores médios diários anuais e tendo em conta os efeitos de sazonalidade, como os relativos a eventos festivos, férias, entre outros, verifica-se actualmente, uma redução média, face ao ano de 2010, de aproximadamente 37%", acrescentou a fonte.
A EP justifica que, para estes números, contribuem ainda "as alterações introduzidas ao nível do custo de circulação".
"Mas pesam igualmente, e de forma bastante significativa, os efeitos generalizados da actual conjuntura económico-financeira na evolução dos volumes de tráfego a nível nacional, com maior incidência nas vias portajadas", sublinhou a fonte.