O ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio defendeu, esta quarta-feira, que seria "mais prudente" a existência de um programa cautelar para a saída de Portugal do programa de assistência financeira, sublinhando a necessidade do país ter "uma rede".
Corpo do artigo
À margem de uma conferência sobre a Reforma do Estado organizada pela distrital do Porto da Juventude Popular, em Matosinhos, Rui Rio foi questionado sobre qual o modelo que defendia para a saída da 'troika' de Portugal, recordando que "disse várias vezes que preferia claramente que Portugal saísse com rede".
"Chamem-lhe com um programa cautelar. Chamem-lhe o nome que chamarem mas com rede", declarou.
Na opinião do social-democrata, esta seria a decisão "mais prudente", assemelhando a saída limpa à imagem de "um barquinho pequenino a remos no meio do oceano".
"Ou seja, é um país saído dos cuidados intensivos, com uma dívida pública maior do que aquilo que era quando a 'troika' entrou e que vai ser lançado para mercados que diziam que a dívida pública era muito elevada quando ela era menor do que aquilo que é hoje", alertou.
Rui Rio ressalvou, no entanto, que pode haver membros do Governo "com esta ideia", mas que depois não conseguem, junto das instâncias europeias, ter essa opção.
"A maré está mais para o contrário do que o que eu estou a dizer. Agora com isto também não quero dizer que se tivesse no lugar do Governo que conseguia aquilo que acho que é melhor para Portugal", afirmou.
Segundo o economista, que em outubro passado deixou a Câmara do Porto, a rede serviria para, caso as taxas de juro disparem, Portugal ter "um seguro", ter a "possibilidade de ir buscar dinheiro a taxa negociada".
"Eu acho que isso seria cauteloso e seria preferível do que correr um risco que deriva dessa falta de racionalidade dos mercados, muitas vezes", enfatizou.
Interrogado sobre as medidas hoje conhecidas do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) 2014-2018, Rui Rio disse não ter ainda conhecimento sobre as mesmas.
"Eu saí do escritório eram 20:30, não sei minimamente. Se soubesse não sei se comentaria ou não. Mas não sei mesmo. Amanhã vou cuidar de saber com atenção até porque provavelmente me entra no bolso", respondeu apenas.
Sobre a gestão de Rui Moreira na Câmara do Porto, o social-democrata garantiu que nunca vai fazer qualquer comentário em relação a essa matéria.
"Eu, durante 12 anos tinha um privilégio relativamente aos outros portuenses que era ter uma voz mais forte, pelo facto de ser presidente da câmara, sobre a cidade do Porto. Hoje é o contrário. Por ter sido, hoje tenho uma voz mais fraca do que os portuenses, não devo falar", justificou.