A companhia aérea Ryanair desistiu de encerrar a base espanhola de Girona em janeiro, em troca de uma redução do tempo de trabalho que se reflete nos salários dos trabalhadores, indicou esta terça-feira um sindicato.
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No final de agosto, a Ryanair anunciou a intenção de fechar quatro das suas bases em Espanha a partir de 08 de janeiro (Tenerife, Lanzarote, Gran Canária e Girona), indicando que existe "uma capacidade excessiva" e más perspetivas financeiras ligadas ao atraso na entrega de aviões Boeing 737 MAX.
"Os empregados foram convocados para uma reunião onde lhes foi dito que para manter a base aberta, teriam de assinar [...] um novo contrato com a empresa, no qual seriam pagos apenas nove e não 12 meses", disse à AFP Lidia Arasanz, representante do sindicato USOC para a base de Girona.
A Ryanair foi contactada pela AFP mas não respondeu.
Segundo a sindicalista, a mudança equivale a uma redução de três meses de salário, ou seja de cerca de 25% da remuneração.
No final do prazo fixado em 05 de dezembro para assinar os novos contratos, a Ryanair anunciou internamente que um número suficiente de trabalhadores assinou o novo contrato e que a base vai continuar aberta nas novas condições a partir de 1 de janeiro, disse Arasanz.
A sindicalista afirmou não saber quantos trabalhadores assinaram o novo contrato, num total de 164 pilotos, hospedeiras e comissários de bordo em atividade na referida base.
"Nada muda" a nível do funcionamento da base, "reduzem apenas o número de aviões no inverno e aumentam no verão", acrescentou.
O novo contrato "não precisa se a antiguidade do trabalhador será mantida", apontou.
Numa conferência de imprensa da Airlines for Europe, em Bruxelas, o presidente da Ryanair, Michael O'Leary, afirmou que os trabalhadores da base de Girona não foram coagidos a assinar novos contratos.
"Não houve coação, mas democracia", afirmou.
"Nós não somos um negócio que pague às pessoas para ficarem em casa sem fazer nada", disse O'Leary, reiterando que a decisão de encerrar algumas bases se deve ao facto de a Ryanair ter durante o inverno "menos aviões do que o previsto".
Em julho, a companhia aérea irlandesa anunciou que está a ponderar a supressão de 900 empregos num total de 13 mil na sua rede.