O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) defendeu, esta terça-feira, que o lucro de 65,6 milhões de euros obtido pela TAP em 2022 justifica, "mais do que nunca", o "fim dos cortes" salariais em vigor na companhia.
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"Com 66 milhões de euros de resultados, mais do que nunca defendemos o fim destes cortes", afirmou Pedro Figueiredo em declarações à agência Lusa.
Salientando que "estes resultados históricos - segundo a administração - são o resultado [do esforço] dos trabalhadores, daqueles que efetivamente o fazem por amor à camisola", o dirigente sindical recordou estarem em vigor "cortes muito agressivos até 2025", que defende que "sejam efetivamente abolidos ou negociados o mais breve possível, porque os trabalhadores merecem".
"Este sindicato está a trabalhar no sentido de que, a qualquer momento, esses cortes terminem. Vamos ver com os outros sindicatos - que, com certeza, estarão de acordo - que estes cortes tenham um fim o mais rapidamente possível. É isso que defendemos e é isso que queremos", sustentou.
Com os resultados hoje anunciados pela TAP, que obteve lucros antes do previsto no plano de reestruturação, o SINTAC considera também que a privatização da companhia "fica um pouco mais facilitada, embora a paz social não esteja ainda completamente" assegurada.
Pedro Figueiredo salientou, contudo, que "os trabalhadores, nomeadamente por via do sindicato, são contra a privatização da TAP", opondo-se a que "o Estado fique sem o capital suficiente para poder dirigir" a empresa.
Isto mesmo tendo ficado "um pouco mais descansados" com a garantia dada na semana passada aos sindicatos de que "um dos pressupostos para a privatização da TAP é a manutenção do 'hub' [plataforma giratória de distribuição de voos] em Lisboa": "A manutenção do 'hub' é muito importante para o país e para a TAP, mas também para os seus trabalhadores", enfatizou.
Sitava diz que lucros foram conseguidos "à custa do sacrifício dos trabalhadores"
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) disse hoje que os lucros de quase 66 milhões de euros que a TAP registou em 2022 foram obtidos "à custa do sacrifício dos trabalhadores sem olhar a meios".
Num comunicado, a estrutura sindical referiu que a TAP, "pese embora a situação em que se encontra a sua gestão, apresentou hoje os resultados do passado exercício, referente ao ano de 2022", referindo que "eram evidentes os sinais de felicidade por estarem a anunciar tal proeza".
"Como é óbvio, da nossa parte e da parte dos trabalhadores, todos sentem que o seu trabalho e sobretudo os seus enormes sacrifícios se traduziram em resultados positivos no valor de mais de 60 milhões de euros", garantiu o Sitava.
"Mas como todos nós bem sabemos, por trás deste resultado estão opções com as quais discordamos profundamente", assegurou, salientando que "este resultado é fruto dos cortes salariais e do aumento das cargas de trabalho" que "estão a ser violentamente impostas".
"É um resultado conseguido todo ele à custa do sacrifício dos trabalhadores sem olhar a meios", referiu o Sitava.
O sindicato disse que tem sido referido que o plano de reestruturação "é para cumprir à risca, mas neste caso como se tratava de massacrar os trabalhadores, já optaram por não o cumprir e antecipá-lo dois anos".
Segundo o Sitava o plano de reestruturação "está a estrangular a empresa e o que sobra destes 60 milhões é a prova cabal" do que afirma, apontando "trabalhadores castigados, desmoralizados e sem esperança".
"Têm lucros, mas não têm trabalhadores. Querem aumentar a operação, mas não têm trabalhadores. Querem fazer crescer a empresa, mas não têm trabalhadores", criticou.
"A TAP, com a opção pelos lucros antecipados, abriu guerra aos trabalhadores, e hoje há trabalhadores a trocarem a TAP por um emprego decente onde se pague um salário completo e não haja a ameaça permanente de destruição de direitos", lamentou o Sitava.
Por fim, o sindicato indicou "a guerra aberta contra os Acordos de Empresa querendo impor condições de trabalho do século passado, como é o caso do banco de horas e da adaptabilidade, que até já foi banido do próprio Código do Trabalho, são bem o exemplo do que esta, ainda administração, quer para o futuro da TAP e dos trabalhadores".
A TAP obteve um lucro de 65,6 milhões de euros em 2022, informou hoje a companhia, que regressou aos resultados positivos após prejuízos de 1.600 milhões em 2021 e antes do previsto no plano de reestruturação.
"A TAP encerrou o ano de 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, um aumento de 1.664,7 milhões de euros em relação ao ano anterior", informou a transportadora aérea, em comunicado.
O plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final de 2021, previa que a companhia aérea começasse a dar lucro em 2025 e que obtivesse um resultado operacional positivo em 2023, algo que a empresa atingiu no primeiro semestre de 2022.
A companhia aérea regressou assim aos lucros, que tinha registado pela última vez em 2017, altura em que o grupo obteve um resultado positivo que rondou os 21 milhões de euros.