O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários afirmou esta segunda-feira que tem suspeitas de que tenha havido "interesses exógenos" a influir na venda do BPN ao BIC.
Corpo do artigo
"O próprio comunicado [do Ministério das Finanças] diz que foram recebidas quatro propostas de aquisição. Não conhecemos a quarta proposta, mas qualquer uma das duas outras, seja do Montepio, seja do NEI, era bem melhor que esta", afirmou à Lusa o presidente do SNQTB, Afonso Diz.
O sindicalista considera que os "interesses exógenos" que possam estar por trás da venda do BPN ao Banco BIC podem estar relacionados com "a natureza da administração da própria Caixa Geral de Depósitos e a forma atabalhoada como foi composta".
Por outro lado, o dirigente sindical referiu que, apesar de sentir alguma satisfação por ter sido "estancado um sorvedouro de dinheiro", está apreensivo por não ser claro o destino dos trabalhadores do banco, uma vez que a proposta apresentada pelo Banco BIC, segundo o comunicado do Governo, "assegura a integração de um mínimo de 750 dos actuais 1 580 colaboradores" do BPN.
Afonso Diz destacou, ainda, uma correcção ao comunicado do Ministério das Finanças acerca da proposta vencedora, em relação ao número de funcionários do banco, que serão, segundo o dirigente do SNQTB, 1710 e não 1580.
"Esperávamos que após a conclusão deste processo se deveriam instaurar auditorias quer à administração actual da Caixa Geral de Depósitos quer à administração do BPN porque não me parece que, nem uns nem outros, tenham defendido os interesses dos que trabalham no BPN e muito menos dos clientes do BPN", rematou Afonso Diz.
Para este dirigente sindical, o facto de o comunicado mencionar a "racionalização" dos recursos humanos e o assumir das despesas com as eventuais rescisões laborais pelo Estado quer dizer que "a procissão ainda vai no adro e já se anunciam despedimentos para algo que ainda nem sequer foi comprado", uma vez que o negócio tem 180 dias para ser concretizado.