Só a descida do IVA dos combustíveis para 6% poderá colocar o preço da gasolina a níveis de antes da guerra na Ucrânia. Isto porque, desde 24 de fevereiro, cada litro já encareceu mais de 21 cêntimos, sendo que um eventual recuo da atual taxa máxima de IVA (23%) para a intermédia (13%) apenas fará o preço diminuir cerca de 17 cêntimos. A taxa mínima de 6% permitiria o custo baixar até 28 cêntimos. Já no gasóleo, mesmo os 6% poderão não bastar para fazer o preço recuar para níveis pré-conflito.
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As contas foram feitas pelo secretário-geral da Apetro, António Comprido, a pedido do JN. "Se arredondarmos o preço por litro para 2 euros e se, em vez de aplicarmos o IVA a 23%, passarmos a aplicar uma taxa de 13%, o preço desce à volta de 17 cêntimos. Se baixarmos para 6%, obviamente que a redução será ainda maior, quase na casa dos 28 cêntimos", estimou, realçando que este imposto tem "um impacto muito grande" no preço dos combustíveis.
Os cálculos mais recentes da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), relativos aos preços de segunda-feira, colocam o custo do litro de gasolina simples a 2,028 euros e o de gasóleo a 1,979 euros. Desde o início da guerra, estes preços já subiram, respetivamente, 21,2 e 31,9 cêntimos.
As descidas de preço no gasóleo seriam semelhantes às da gasolina - cerca de 17 cêntimos na taxa de 13% e 28 na de 6%. Ou seja, tudo leva a crer que, no gasóleo, nem a taxa mínima fará o custo de cada litro recuar para níveis pré-guerra.
Petróleo ainda a descer
Esta quarta-feira, o preço do barril de petróleo baixou para 96 dólares, depois de, há uma semana ter rondado os 130. António Comprido realça que a situação atual é "volátil", mas considera que os últimos dias têm sido "promissores". Como tal, admite que o preço dos combustíveis desça já a partir de segunda-feira.
"O que interessa como referência é o preço médio da semana", explica. "Continuamos a ter um valor mais baixo do preço do petróleo e dos produtos refinados e, com certeza, que isso irá refletir-se nos preços da próxima semana", frisou.
E poderá o petróleo voltar a subir em breve? António Comprido diz que isso depende, em boa medida, da evolução da guerra:"As notícias mais positivas ou mais negativas sobre o que está a acontecer vão refletir-se nos mercados financeiros e, obviamente, também nas matérias-primas, nomeadamente o petróleo", refere.
O líder da Apetro receia, contudo, que a guerra ainda não tenha fim à vista, pelo menos "nos próximos dias". Por outro lado, o facto de o crescimento económico estar a ser revisto em baixa poderá atenuar os custos: "Isso irá retirar alguma pressão do lado da procura, o que contribuirá para não aumentar o preço do petróleo", frisa.
A descida do IVA dos combustíveis depende da União Europeia, que deverá decidir entre os dias 24 e 25. O líder da Apetro acredita que haja "coragem" para implementar essa medida.