Comunidade energética do Bairro da Agra do Amial, no Porto, é um sucesso. Há pessoas que pouparam 70% na fatura da eletricidade.
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Sermos capazes de produzir a energia que consumimos, gastarmos menos, darmos novos usos ao que já não precisamos, tirarmos partido dessa enorme fonte que é o mar. É este o grande desafio que foi tema da conferência “Mais energia limpa”, inserida no projeto “Tech4 Sustainability”, organizado pelo município do Porto e pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) com o objetivo de “descomplicar” o conhecimento científico e “passar a mensagem” ao cidadão comum.
“A sociedade tem que mudar o paradigma. O dinheiro público deve ser investido em facilitar essa mudança”, diz o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo. Projetos como a comunidade energética do Bairro da Agra do Amial - ou a do Estádio do Dragão, a produção de biogás na ETAR do Freixo ou a aposta na energia solar em edifícios como o Mercado Abastecedor são bons indicadores e deixam o Porto “reconhecidamente na linha da frente”, mas “academia e poderes políticos ainda comunicam pouco”, aponta Adélio Mendes, professor e investigador da FEUP.
“No Bairro da Agra do Amial, onde vivem 180 famílias, há pessoas que pouparam 70% na sua fatura mensal de eletricidade”, frisou Filipe Araújo, destacando o projeto-piloto que colocou painéis solares nos telhados, pôs a bairro a produzir a sua energia e criou ali a primeira comunidade energética do país.
“A academia pode ajudar, mas não sei se está a contribuir muito”, sublinhou Adélio Mendes. “Compramos tudo à China e não vejo as pessoas preocupadas. Daqui a 25 anos, os painéis solares vão para onde? Que baterias estamos a utilizar? São reutilizáveis? Não falamos disso”, frisou o docente, que defende a criação de um gabinete para “motivar os investigadores” a focarem-se em assuntos interessantes para a cidade.
O docente, responsável pelo projeto 112CO2, que está a desenvolver uma tecnologia “eficiente e mais barata” para produzir hidrogénio a partir do metano, deixa ainda mais um desafio: olhar para as fachadas dos edifícios que, “no inverno, têm uma habilidade de produzir energia superior aos telhados”.
Descontos no IMI e benefícios
A Câmara do Porto dá incentivos a quem quiser produzir energia. O apoio municipal é de 500 euros a menos no IMI por cada quilowatt instalado. Até ao final do ano, o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, anunciou que haverá benefícios para quem melhorar a condição energética dos seus edifícios.