<p>Comissão de Trabalhadores não acredita que venha a existir disponibilidade para reabrir o processo negocial, após a recusa dos trabalhadores em subscrever o pré-acordo alcançado antes.</p>
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Um grupo de trabalhadores da Autoeuropa está a promover um abaixo-assinado para que sejam retomadas as negociações com a administração sobre a flexibilidade laboral, mas a Comissão de Trabalhadores (CT) considera que a proposta não faz sentido neste momento.
"Esta semana a empresa vai comunicar-nos as decisões que tomar e, até lá, penso que não faz sentido avançarmos com qualquer iniciativa", disse à Lusa o coordenador da CT, António Chora.
"A CT não deixará de confrontar a administração caso o pedido de novas negociações seja subscrito pela maioria dos trabalhadores, mas não acredito que a administração da empresa esteja disponível", acrescentou, lembrando que a reabertura de negociações significava voltar a discutir eventuais cedências dos trabalhadores em 22 sábados.
Questionado sobre a possibilidade de a rejeição do pré-acordo poder estar relacionada com um reforço das posições defendidas pelos três elementos da Comissão de Trabalhadores afectos à lista B, próxima do PCP, António Chora recusou liminarmente esta leitura. "Penso que, na Autoeuropa, o PCP não tem a importância que algumas pessoas lhe querem dar", disse António Chora.
Embora reconheça que os três membros da Comissão de Trabalhadores eleitos pela Lista B sempre se mostraram contra as negociações que abriam caminho à cedência de alguns direitos adquiridos, António Chora mostrou-se convicto de que a posição dos trabalhadores resultou, fundamentalmente, do descontentamento com a degradação das condições de trabalho na empresa.
"Houve uma degradação das condições de trabalho porque alguns trabalhadores estão agora muito em cima uns dos outros e temos dezenas de pessoas em formação que, por vezes, fazem falta na linha de produção", disse António Chora, acrescentando que a rejeição do acordo também poderá estar relacionada com alguma "falta de informação", por parte da administração da Autoeuropa.
"Mas a Comissão de Trabalhadores continua a pensar que o pré-acordo era a melhor forma de ultrapassarmos estes próximos dois anos, que se adivinham muito difíceis para o mercado do sector automóvel", reafirmou António Chora.
O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, que integra um total de 11 elementos -- sete afectos à lista liderada por António Chora, três da Lista B, afecta ao PCP, e um do SINDEL (Sindicato Nacional da Indústria e Energia) -- assegurou, no entanto, que a grande prioridade é agora "minimizar as consequências do 'não acordo' para um aumento da flexibilidade laboral".
O pré-acordo laboral que tinha sido negociado com a administração da Autoeuropa previa uma redução no pagamento do trabalho extraordinário aos sábados, que, de acordo com a estimativa da CT, "poderia atingir uma quebra de cerca de 150 euros por ano para cada trabalhador".
"Face à ausência de um acordo, se a empresa decidir fazer quatro dias de lay-off, cada trabalhador afectado poderá sofrer um prejuízo na ordem dos 200 euros, só num mês", frisou António Chora.
A agência Lusa tentou ouvir a opinião de um dos três elementos da Comissão de Trabalhadores afectos à Lisa B, mas não foi possível estabelecer contacto.