O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, sublinhou esta quinta-feira que o seu Governo não aceitará cortes na despesa da Defesa, num recuo em relação ao que já tinha aceitado nas negociações com os credores internacionais.
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"Nem eu, nem o ministro da Defesa vamos aceitar cortes [na Defesa], reduções que estão concebidas para criar novas desigualdades dentro da sociedade e, em particular, não aceitaremos reduções das retribuições do pessoal das Forças Armadas", declarou Tsipras perante oficiais do exército.
O chefe do executivo grego argumentou que se trata de questões que afetam "a essência da soberania nacional" e acrescentou: "Apesar de estarmos numa situação de dificuldade económica sem precedentes, devemos manter este núcleo da nossa soberania".
O líder do Syriza frisou ainda que será o Governo a decidir onde está disposto a fazer os cortes orçamentais.
Tsipras fez estas declarações na presença do ministro da Defesa e líder do partido nacionalista Gregos Independentes, Panos Kamenos, que, noticiou hoje a imprensa local, o terá pressionado para recuar na cedência feita às instituições da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Centra Europeu, Fundo Monetário Internacional) de cortar em 200 milhões de euros o orçamento da Defesa em 2016 e em 400 milhões no ano seguinte.
Numa carta endereçada na terça-feira aos dirigentes dessas instituições, Tsipras aceitava a maioria das suas últimas propostas e cedia em algumas das medidas, entre as quais os cortes na Defesa.
Os credores internacionais exigem que a Grécia corte 400 milhões de euros na despesa de Defesa a partir de 2016 e, ao princípio, o Governo de Atenas propunha cortar 200 milhões.
Antes da crise, a Grécia era o segundo Estado membro da NATO que proporcionalmente mais dinheiro gastava em Defesa (3,1% do seu Produto Interno Bruto), ficando apenas atrás dos Estados Unidos, uma despesa justificada pelos sucessivos Governos gregos com a vizinhança complicada que o país tem e, sobretudo, com a histórica inimizade com a Turquia.
Embora tenha reduzido este montante para 2,1% do PIB, a Grécia continua a ser um dos países europeus com maior despesa militar.