A UGT considerou, esta segunda-feira, que o recuo do Governo em relação ao corte das indeminizações nos despedimentos sem justa causa abre uma nova perspetiva de concertação social para se alcançar um acordo benéfico para trabalhadores e empresários.
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"É uma notícia que nos surpreende pela positiva. Abre-se assim um novo 'élan' no seio da concertação social para almejar e alcançar um acordo que será benéfico para o país, criando um clima de confiança que faz falta aos trabalhadores, aos empresários e à concertação social", disse à Lusa o líder da UGT, Carlos Silva.
O sindicalista vê com "agrado e satisfação" o facto de o Governo "dizer não à 'troika', batendo o pé e não ser submisso".
O Governo terá decidido, no fim de semana, não avançar com qualquer proposta para a redução das indemnizações pagas aos trabalhadores em caso de despedimento ilegal, como recomendava a "troika".
A decisão foi tomada numa reunião entre a equipa do ministério do Emprego e da Segurança Social e os representantes das instituições internacionais - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário internacional - , que estão em Lisboa para a 12.ª e última avaliação do programa português.
Embora desconheça os argumentos que levaram o Governo a tomar a decisão, Carlos Silva considera que não fazia sentir "manter ou reforçar um clima de crispação" na concertação social quando todos os parceiros eram contra a medida.
"Nem os patrões entendiam e defendiam esta matéria, por ser irrelevante do ponto de vista das relações laborais, nem as centrais sindicais podiam estar de acordo com uma matéria que já de si é má como é o despedimento, quanto mais sobre o ilícito por danos", sublinhou.
Também José Abraão, que lidera a Federação Sindical da Administração Pública, considerou que a medida corresponde a uma reivindicação dos trabalhadores e da central sindical, esperando que o Governo mantenha a proposta de "não penalizar ainda mais os trabalhadores e as indeminizações por despedimento ilegal".
"Esperamos que a medida seja concretizada e que em definitivo se evolua no sentido de acabar de uma vez por todas com o despedimento ilegal" disse José Abraão, lembrando que a própria Constituição da Republica defendeu o despedimento com justa causa.