Sérgio Martins é um especialista dos automóveis usados aos 27 anos. Desde os 11 que trabalha com carros e tem, há dez anos, o stand SM Motors, na zona de Caldas das Taipas, em Guimarães. Nunca passou por uma crise de vendas tão grande como a dos últimos meses, mas assume estar a recuperar e nunca deixou de trabalhar, graças às vendas online.
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"Vim sempre trabalhar, à porta fechada, porque vendi pela Internet. Fiz poucos negócios, mas deu para sobreviver", assume, entre os cerca de 40 automóveis que tem em stock no stand. Com o desconfinamento, já pôde abrir o stand e a procura está a ser surpreendentemente boa: "Não estamos a 100%, mas estamos seguramente a 90%. Se continuar como está neste momento, é excelente".
Sérgio tem recebido telefonemas de clientes a marcar visitas, a perguntar por carros e muitos que lhe aparecem sem aviso à procura de um automóvel usado, em bom estado e de confiança. Assume que já tem encomendas até agosto e o mercado online contribui muito para isso, pois representa "cerca de 50% das vendas".
O stand do vimaranense tem carros para preços que variam entre os 10 mil euros do Citroen DS3 de 2012, o mais barato em stock, até aos 54 500 do Porsche Panamera do mesmo ano, que qualquer visitante encontra em grande destaque no stand logo à entrada. O segmento que mais vende é aquele cujo preço não ultrapassa os 20 mil euros. Daí para a frente "é para um cliente mais específico com outro poder de compra", explica, enquanto mostra que todos os automóveis passam por uma minuciosa vistoria na marca antes da venda.
O objetivo do check-up na marca é mostrar ao cliente que, ali, os carros "não padecem dos problemas de outros stands menos fiáveis", onde "há o risco de encontrar deficiências motoras ou elétricas" que dão má fama ao setor, como "quilómetros adulterados, carros acidentados, manobras menos óbvias e outras coisas", lamenta.
O mercado dos usados continua, no desconfinamento, a ser o preferido dos portugueses. Não há dados oficiais sobre as vendas, mas a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) junta todos os meses os dados do Instituto dos Registos e do Notariado que permitem estabelecer uma estimativa. "Não há números concretos, mas estimamos que os usados estão a recuperar lentamente", revela Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP.