Os portugueses têm mais cartões de crédito na carteira mas estão a usá-los menos. Esta quebra é sobretudo sentida no Grande Porto e no Centro do país. Sinais da crise. Há também mais pessoas que não amortizam no mês seguinte o crédito utilizado.
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A penetração dos cartões de crédito registou uma ligeira subida entre 2009 e 2010 (em média um em cada três portugueses dispõe deste cartão), mas a sua utilização abrandou, tendo caído 0,5 pontos percentuais. Estas evoluções constam de um estudo de mercado ontem divulgado pela MasterCard. A crise e o abrandamento do consumo são o principal motivo desta quebra.
Os números mostram ainda que mesmo quem continua a usar o cartão, o faz menos vezes: em 2009, a média mensal era de 3,06 vezes e em 2010 está a ser de 3,01. Esta tendência reflecte, no entanto, comportamentos diferentes nas várias regiões do país.
Enquanto no Grande Porto e Litoral Centro a quebra na utilização ronda os 4,8% e 6,6%, respectivamente, na Grande Lisboa e no Litoral Norte, o estudo indica uma subida de 6% e 1,5%, pela mesma ordem.
Segundo avançou ontem Paulo Raposo, responsável para Portugal da MasterCard Europe, está também a crescer (e esta tendência vem já desde 2008) o número de clientes que não amortiza no mês seguinte o plafond que utilizou do cartão de crédito. Há dois anos esta solução pesava 33% do total, e actualmente ronda os 35%. A consequência mais directa desta situação é o pagamento dos juros que é devido quando o crédito não é amortizado nos 30 dias seguintes à sua utilização. Nos cartões de débito, o estudo da MasterCard - um dos maiores emissores mundiais de cartões - revela que as pessoas estão a usá-los mais nas compras diárias, nomeadamente de supermercado, combustível ou carregamentos de telemóvel.
Os dados da SIBS sobre as operações realizadas através da rede multibanco (caixas automáticas e terminais de pagamento) revelam, por sua vez, que entre Janeiro e Setembro o valor dos levantamentos registou uma subida homóloga de 19,9%, enquanto as compras (incluindo aqui pagamento de serviços) subiu 14%.