Vítor Gaspar diz que só soube das dificuldades financeiras do GES no final de 2013
O ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, enviou esta terça-feira as suas respostas por escrito à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES, assegurando que só tomou conhecimento das dificuldades financeiras do Grupo Espírito Santo (GES) no final de 2013.
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"Ouvi falar de dificuldades financeiras idiossincráticas no GES no final de 2013. Em termos concretos, soube, mais tarde, das implicações da exposição do BES [Banco Espírito Santo] ao GES pela imprensa especializada internacional", lê-se no documento a que a agência Lusa teve acesso.
Sobre a exposição do BES ao GES, Vítor Gaspar disse que era "clara na estrutura do próprio grupo".
E afirmou: "O BES (e o GES) foram afetados pela interrupção do financiamento privado internacional à economia portuguesa que ocorreu na primavera de 2010".
Questionado sobre a ausência de referências aos problemas do grupo BES/GES "nos sucessivos documentos que foram sendo divulgados sobre o sistema financeiro português" entre 2011 e a saída do Governo de Vítor Gaspar, o responsável preferiu não responder.
"Não tenho nada a dizer sobre esta questão", escreveu o ex-governante.
Vítor Gaspar pediu para sair do executivo liderado por Pedro Passos Coelho no verão de 2013, dando lugar à atual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que à data era secretária de Estado do Tesouro.
Em resposta a uma outra questão que lhe foi colocada, de um total de 21 perguntas, Gaspar reforçou que "não tinha qualquer indicação relevante sobre problemas de gestão [do Grupo BES/GES]".
Mais, o responsável assegurou que durante as reuniões que teve com Ricardo Salgado enquanto foi ministro das Finanças "não decorreu qualquer preocupação particular com a situação do banco ou do grupo".
Paralelamente, nas questões relativas à idoneidade de Ricardo Salgado, depois de ter sido tornado público que o ex-banqueiro tinha aderido ao Regime Excecional de Regularização Tributária (RERT), Gaspar revelou ter sido informado pessoalmente por Salgado da adesão do último a este programa.
"O Dr. Ricardo Salgado comunicou-me em pessoa que tinha aderido ao RERT", afirmou.
E acrescentou: "Ouvi com atenção e delicadeza. A autonomia da administração tributária é um pilar do respeito dos contribuintes pelo pagamento dos impostos. Sendo assim, existe necessariamente um saudável distanciamento entre o Ministério [das Finanças] e a administração".
Já sobre a atuação do Banco de Portugal (BdP) neste processo, face às críticas que têm sido dirigidas à entidade liderada por Carlos Costa por não ter retirado a idoneidade de Salgado face à sua situação de irregularidade em termos fiscais, o ex-ministro escusou-se a comentar.
"Sobre a atuação do BdP neste contexto não tenho comentários", disse Gaspar.