Ao fim de cerca de dois anos com taxas de juro acima da inflação, tudo indica que a rentabilidade dos Certificados de Aforro vai entrar num período menos bom. A "culpa" é da Euribor, mas o fenómeno não é novo.
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A taxa de juro dos certificados de aforro afixada para Janeiro "atira" com as (extintas) séries A e B para valores abaixo dos 2%. Mas não é a primeira vez que isso acontece. Entre 2002 e 2006 - quando a Euribor registava constantes descidas e batia mínimos históricos - também os juros se mantiveram abaixo dos preços.
Com a descida das taxas de juro e do indexante utilizado na generalidade dos empréstimos à habitação, a Euribor, aliviam-se as prestações dos créditos, mas reduz-se também o retorno das poupanças. Principalmente, as que estão aplicadas em produtos financeiros cuja remuneração está relacionada com a Euribor, como é o caso dos certificados de aforro (nas séries já extintas e na C) e também nos depósitos de alguns bancos.
E Janeiro não traz boas notícias: as taxas de juro fixadas pelo Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) "colocam" os juros ilíquidos dos CA nos 2,426% na série C e em 1,967% nas séries A e B. Em ambos os casos, há a registar uma queda abrupta face ao último mês de 2008, quando os certificados foram remunerados a 3,254% e 2,531%, respectivamente. Apesar de a inflação estar também a recuar, é de esperar uma quebra na rentabilidade dos CA em 2009.
Quem tem certificados de aforro sabe que não está pela primeira vez perante o cenário de uma taxa de juro abaixo da inflação. Recuando a 2002, ano em que os preços tiveram um aumento médio de 3,3%, verifica-se que o juro em vigor foi de 2,756%.
Esta discrepância manteve-se até 2006. Mas os aforradores que optam pelos CA sabem igualmente que estes conferem um prémio de permanência, que nas séries A e B vai até aos 2% e se mantém sempre até os títulos serem resgatados. Na série C há também um prémio, mais elevado até, mas que se extingue quando a aplicação perfaz dez anos (ler caixa).
Foi precisamente este prémio de permanência - que alguns produtos comercializados por instituições financeiras também começaram a incorporar, ainda que de forma menos generosa - que manteve a popularidade nos CA em tempos de juros baixos.