A TAP vai repor vários voos para a Europa, África, Brasil e Estados Unidos já em outubro. E anunciou a intenção de criar, no verão de 2021, seis novas rotas para destinos turísticos. Tudo com partida do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, deixando, uma vez mais, o Porto - que terá apenas uma nova rota, com início em dezembro, para a ilha do Sal, em Cabo Verde - fora do plano de recuperação da companhia.
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Estas medidas levam Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), a criticar duramente a Administração da TAP e o Governo que, através do ministro Pedro Nuno Santos, tinha prometido reverter uma política de centralização de uma empresa que está a ser substituída, no Norte, por companhias privadas. O próprio primeiro-ministro, António Costa, defendera que o plano inicial de rotas desenhado pela TAP "não tinha credibilidade". Mas agora, confrontado pelo JN, o Ministério das Infraestruturas e Habitação remeteu-se ao silêncio.
"O país está completamente anestesiado e o Governo, aparentemente, demitiu-se de ter qualquer opinião nas decisões estratégicas de retoma de voos da TAP", refere Nuno Botelho. "É de uma completa inutilidade o dinheiro injetado na TAP", acrescenta.
O presidente da ACP justifica a sua indignação com o anúncio da retoma de rotas e o reforço do número de voos a partir do Aeroporto Humberto Delgado efetuado pela TAP. Bilbau, Oslo, Chicago, Porto Alegre, Natal e Maputo são apenas, como consta no próprio site da empresa, algumas das cidades que voltam, já em outubro, a ter ligação aérea direta com Lisboa. Paris, Londres ou Sevilha, assim como São Paulo e Rio de Janeiro terão, por sua vez, mais voos para a capital portuguesa.
"As únicas rotas que a TAP anunciou, com início no período entre outubro e março, são Lisboa/Maceió e Porto/Sal. Nenhuma outra rota nova está prevista ter início no mesmo período. A TAP acompanha em permanência a evolução dinâmica da pandemia e os seus impactos operacionais. A lista de rotas e voos disponíveis em sistema de reservas serão ajustados sempre que as circunstâncias o exijam", declara fonte oficial. Porém, Nuno Botelho já deixou de acreditar nas intenções da empresa que, em julho, passou a ser controlada pelo Estado. "O pior ainda está para vir, porque o dinheiro que vai ser necessário injetar na TAP será mais do que os portugueses já injetaram no Novo Banco e é isso que me assusta enquanto português e empresário", alega.
O caso Genebra
Entretanto, o JN teve acesso a dados que revelam que o principal destino dos passageiros que embarcam no aeroporto de Genebra, na Suíça, é o Porto. Em julho foram 31 494 as pessoas que rumaram à Invicta, apesar de, neste aeroporto, a TAP apenas disponibilizar voo direto para Lisboa. Ao Aeroporto Humberto Delgado chegaram, vindos de Genebra, 26 812 passageiros, mas fontes contactadas pelo JN asseguram que muitos deles apenas fizeram escala em Lisboa antes de rumarem a outro destino. Em muitos casos, o Porto.