Hortas Urbanas sensibilizam para o ambiente e ajudam no orçamento familiar. Estão inscritos 2.269 candidatos e uma lista de espera para atribuição de talhão de 1.130 pessoas.
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O desenvolvimento de hortas urbanas é uma das iniciativas que contribuem para alcançar as metas traçadas pela Agenda 2030, para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. O Município de Vila Nova de Gaia respondeu ao desafio e tem atualmente 14 hortas urbanas, num total de 405 talhões. Estão inscritos 2.269 candidatos, existindo assim uma lista de espera para atribuição de talhão de 1.130 pessoas.
A implementação da Rede Municipal de Hortas Urbanas tem como objetivo responder ativamente à crescente procura de espaços urbanos para instalação de hortas.
António Alves é um dos munícipes com talhão atribuído, e diz mesmo que o seu pedaço de terra "é o cartão de visita da Horta Urbana da Guizanda". O gosto pelo trabalho da terra vem desde muito pequeno: "Gostava de andar com o meu avô, ainda na aldeia, e fazia muitas perguntas", recorda. Mas a vida mudou e António mudou-se para a cidade, onde foi, por muitos anos, comerciante de produtos alimentares. "Com a reforma, desde há oito anos, pude voltar a mexer na terra como gosto", congratula-se. Mostra o seu talhão com orgulho, dizendo que "este ano foi bom para o tomate, bom e saboroso". "Mas o mais importante é que consumo tudo o que aqui produzo, e claro que também dou aos meus filhos. É uma grande poupança", assegura.
A implementação da Rede Municipal de Hortas Urbanas, a cargo do Pelouro do Ambiente, tem como objetivo responder ativamente à crescente procura de espaços urbanos para instalação de hortas, criando condições para a prática da agricultura sustentável em contexto urbano. Através deste projeto, o Município de Vila Nova de Gaia pretende garantir a satisfação das necessidades da população e maximizar os benefícios decorrentes da prática da agricultura urbana, quer para o ambiente, quer para a qualidade de vida das pessoas, designadamente a geração de microrrendimentos familiares, a promoção da coesão social, das relações intergeracionais e interculturais, o melhoramento do solo e do equilíbrio do ciclo hidrológico urbano.
As hortas estão instaladas em terrenos municipais ou outros que sejam disponibilizados para o efeito, com aptidão para a agricultura urbana. O pagamento por parte do utilizador vai desde os 30 euros anuais, para um talhão com área de cultivo até 50 metros quadrados. Caso seja maior, acresce a importância de 5 euros.
Também na Horta Urbana da Guizanda encontrámos Celeste Teixeira, que garantiu: "Voltei a casa!". Depois de uma vida a trabalhar no campo, foi obrigada a deixar tudo para trás e a viver num apartamento. Há oito anos, candidatou-se a um lote na horta urbana. "E aqui estou eu, todos os dias a cuidar do meu pedaço de terra", orgulha-se.
Fátima Silva, uma das responsáveis pelo projeto Hortas Urbanas, descreve que os utilizadores são de diferentes faixas etárias e profissões. "Aqui não existe qualquer diferença e há uma boa interação entre todos. É até normal que um novo utilizador, quando não tem conhecimentos, seja apresentado a um outro, para que possa haver uma partilha de conhecimentos", explica.