Torre de vigia do Cabedelo será centro de reciclagem de lixo marinho
A primeira AIR Station do país será instalada em Gaia, após acordo entre a Fundação Parley for the Oceans e a autarquia.
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A torre de vigia do Cabedelo irá albergar a primeira AIR Station do país, um local onde o plástico apanhado em ações de limpeza de praias será transformado em algo útil, seguindo a lógica da economia circular. Este projeto será possível graças ao acordo estabelecido entre a Fundação Parley for the Oceans e a Câmara Municipal de Gaia, numa cerimónia realizada o ano passado, e que contou com a presença do então ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e dos parceiros nacionais da Parley: o cE3c, o Inesc-Tec e a Marinha, na pessoa do vice-almirante Gouveia e Melo.
Neste sentido, o antigo posto da Guarda Fiscal de Canidelo, abandonado há mais de uma década, começou a ser requalificado e readaptado, com o objetivo de instalar um conjunto de atividades alusivas à proteção dos oceanos. Após essa fase, prevê-se o funcionamento da primeira oficina de reciclagem de plástico da fundação no país, a AIR Station, cujo acrónimo significa, em inglês, evitar (avoid), intercetar (intercept) e redesenhar (redesign). Aqui funcionará também um centro de interpretação do Geossítio de Lavadores e da Reserva Natural Local do Estuário do Douro.
As três vertentes do projeto
O projeto apresenta três vertentes: a Parley Ocean School, o Centro de Interpretação e o Centro Interativo. A Parley Ocean School pretende promover a educação através da inspiração de uma nova classe de embaixadores da juventude para o movimento em causa, combinando a consciencialização, a exploração e o ativismo. O Centro de Interpretação permitirá a realização de atividades e eventos que estimulem a partilha de conhecimento sobre a sustentabilidade marinha e os valores geológicos da Praia de Lavadores.
Por fim, o Centro Interativo pretende o envolvimento dos cidadãos no compromisso da sustentabilidade, bem como a promoção de uma relação próxima com a vida oceânica, oferecendo a todos os visitantes a possibilidade de uma experiência de mergulho visual. A tecnologia surge "como uma vertente fundamental ao serviço da sustentabilidade e da ação climática", de acordo com Rui Oliveira, administrador do INESC/TEC e responsável pela implementação de um dos oito supercomputadores europeus em Portugal.
A preocupação com a sustentabilidade ambiental tem sido uma das bandeiras do atual executivo municipal, tal como defendeu Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da autarquia: "Este projeto não é um ponto de chegada, mas sim um ponto de partida para uma nova fase de desenvolvimento sustentável no concelho". Este projeto tenciona, assim, contribuir para o crescimento económico, marinho e marítimo a longo prazo, assim como para a coesão social, em termos de comunidades locais e do capital humano, através da criação de novos postos de trabalho de economia azul.