No Áurea, em Lisboa, o chef de competição André Serra reinventa a cozinha tradicional

Na sala não passam despercebidas as peças de mobiliário da famosa marca holandesa de design Moooi - e até há um cavalo à entrada -, mas é de portugalidade que se fala à mesa do Áurea, que em abril ganhou um novo chef e afinou o diapasão do conceito. Depois de o chef Pedro Mendes apostar em menus de degustação à base de algas, desde que o hotel abriu no final de 2023, André Serra assumiu o cargo de chef executivo e o restaurante passou a ser um bistrô português contemporâneo, com menus à mesa e ao balcão, aqui em formato de snacks. 

“Aqui estou a construir uma equipa de cozinha e a criar o que sempre idealizei para a minha vida profissional, com pratos à minha imagem, com a minha identidade”, começa por explicar o lisboeta de 27 anos. A idade, porém, não deixa adivinhar o seu já relevante percurso, que antes de chegar ao Áurea se demorou dois anos no cinco estrelas Memmo Príncipe Real, ao lado do chef Jorge Fernandes, e antes, a par do chef Luís Gaspar, nalgumas casas do grupo Plateform, incluindo o Sala de Corte. O que move o chef, porém, é a adrenalina da competição culinária. 

“Poder trazer esse lado mais competitivo para a cozinha [dá-me muita satisfação]”, completa o chef, enquanto chegam à mesa uns pani puri de brandade de bacalhau à brás e gema de ovo a baixa temperatura, em jeito de boas-vindas. Antes de enviar o prato com que concorreu, a nível individual, ao Global Chefs Challenge 2025, André Serra sugere ainda o pastel de massa tenra de cabidela com maionese de vinagre e malagueta; o rosbife com molho de pica-pau e picles; e o rissol de peixe e mariscos com maionese de coentros e lima, no capítulo inicial das entradas.

Nos principais, o destaque recai sobre o raviolo recheado com sabores da caldeira portuguesa, tomate cherry confitado, beurre blanc e jus de carabineiro - o prato com que concorreu, este ano, ao Global Chefs Challenge 2025, realizado na cidade italiana de Rimini, e que lhe valeu o segundo lugar e uma qualificação para final que se realiza em maio de 2026 no País de Gales. Aos 25 anos, já tinha participado também no concurso Chef de Cozinha do Ano. “Foi a primeira vez que participei num concurso a nível nacional. Um dia hei de lá ir e ganhá-lo”, afiança.

Neste momento, o chef empenha todos os seus esforços na consolidação do Áurea como novo bistrô português da Baixa pombalina, onde se propõe revisitar receitas e sabores tradicionais “com técnicas inovadoras e alguma irreverência”. Esse trabalho passa também por utilizar os produtos da estação, sempre que possível, assim como pelo cuidado com a origem nacional. E “criar uma dinâmica entre pratos para que não haja muito desperdício. Alguns pratos nascem criativamente desses aproveitamentos de matérias-primas”, complementa o profissional. 

Do menu fazem também parte pratos principais como leitão à moda da Bairrada com ervilhas guisadas com enchidos, ovo a baixa temperatura e molho de pimentas; e pregado com puré de couve-flor e baunilha e molho de mexilhão em escabeche. Durante os dias úteis, é possível provar as receitas do chef num menu executivo de almoço, que por 25 euros/pessoa inclui um couvert, um prato principal (diferente todos os dias da semana, como polvo à lagareiro, cabidela e açorda de marisco), uma sobremesa à escolha do chef, uma bebida e um café.

“Numa cidade tão cosmopolita como Lisboa, é fundamental preservar o seu rico património culinário mas, ao mesmo tempo, inovar com novas harmonizações de pratos e vinhos - na sua maioria de produção nacional. É essa a nossa proposta”, sintetiza o chef André Serra. Para terminar de forma doce, há sobremesas como pêra bêbeda em vinho do Porto branco, abade de Priscos e hibiscos. A música toma conta do espaço, entre às 19h e as 23h, com música ao vivo “Sounds of Áurea”, às quintas-feiras, e às sextas e sábado, com sessões de DJ. 

Áurea
Rua Áurea, 175 (Baixa), Lisboa
Tel.: 211 453 090
Web: www.artlegacyhotels.com
Todos os dias, das 12h às 15h e das 19h às 23h.
Preço médio: 55 euros