Uma fileira de amendoeiras assinala o caminho de entrada da mais jovem referência do grupo Torel, a Quinta da Vacaria. O cinco estrelas no Vale do Douro alberga o restaurante Schistó, de Vítor Matos, onde foram apresentados alguns vinhos da quinta, com destaque para o Grande Reserva 2019
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No almoço especial, foi possível aceder ao que se quer aqui fazer com consistência. Houve momentos de ligação terra-mar, como o de truta-arco-íris com cabeça de porco fumada, enguia, açafroa e acelgas. Seguiu-se o peixe de rio lúcio perca, com grão-de-bico, caldeirada e línguas de bacalhau. Nos copos, apresentaram-se vinhos, atuais e futuros, da casa, começando logo com uma novidade, ainda em fase de testes, o espumante “blanc de noir”, uma base feita de Pinot Franc. “O que estamos a provar é um protótipo”, esclarece João Menezes, que há dois anos se juntou à equipa de enologia liderada por Jean Hugues Gros.
Seguiu-se Reserva Branco 2019 (blend de Códega do Larinho, Rabigato e Viosinho) para acompanhar a truta e o Reserva Branco Arinto para o lúcio perca. Este é um dos vários monovarietais brancos que a quinta está a produzir, sendo que ainda antes do almoço já se tinham apresentado as colheitas de 2023 das monovarietais Gouveio, Viosinho e Rabigato. O almoço seguiu para o momento mais esperado, a apresentação do Quinta da Vacaria Grande Reserva 2019. A prova começou pelo Grande Reserva 2018, seguiu-se o 2020 e só no fim o 2019, tudo em crescendo.
Os enólogos justificam a opção: “2018 foi um ano difícil por causa das chuvas e das doenças e o verão começou tarde e veio com muito calor. Houve uma maturação forçada por desidratação, não houve uma boa maturação fenólica e isso a longo prazo tem efeitos nos vinhos, não dá aos vinhos condições para evoluírem tão bem”. Em 2020 aconteceu mais ou menos a mesma coisa, mas 2019 foi um ano “muito bom”. A maturação das uvas foi muito regular “o que garantiu alta qualidade, tudo perfeito. Isto acontece só de vez em quando”. O vinho “tem perfil de maior longevidade, mas demorou algum tempo a afinar em garrafa”. As referências acompanharam, respetivamente, bochechas de porco bísaro, com cuscuz, chouriço e ervilhas; perdiz com cogumelos, tutano e flores-do-campo; e borrego de Resende com arroz, grelos, limão e alecrim.
Para a sobremesa havia uma surpresa reservada: a acompanhar um doce com base na maçã de Armamar, azeite da quinta e citrinos, serviu-se um Very Very Old Port, um tesouro com mais de 100 anos herdado pelo grupo Marec quando adquiriu a quinta, em 2015.
“Na hospitalidade deve-se ter orgulho de mostrar o melhor e a filosofia do Torel é essa. Este hotel não podia ser em mais nenhum outro lugar, é o espelho do Douro”, refere Ingrid. Integrado na Quinta da Vacaria, com 33 quartos, está rodeado por vinhas, conta com uma piscina infinita, um spa e dois, em breve serão três, restaurantes. Além do “fine dining” Schistó, o 16 Legoas cumpre a função de restaurante mais descontraído e baseado em produtos regionais, para almoços e jantares. Daqui a algum tempo vai abrir o Fumus, de cozinha regional.
Os hóspedes, e não só, podem marcar uma visita guiada à adega e provas, para melhor conhecerem os vinhos que de lá saem, entre tranquilos e vinhos do Porto. Na visita, passa-se por um pequeno museu, “para que o cliente se contextualize com a história da quinta”, que remonta ao século XVII, refere a responsável pelo enoturismo Mónia Batista. Aqui, fala-se das castas, do território, do xisto, do início da quinta e dos vários proprietários que teve, incluindo os jesuítas. “Todos os produtos que existiam aqui, leite, cereais, baga de sabugueiro, vinhos do Porto, eram carregados no cais de embarque e seguiam viagem até Vila Nova de Gaia para abastecer o Colégio de São Lourenço.” Esta é apenas uma de muitas histórias para descobrir no sossego do Douro.
Torel Quinta da Vacaria Douro Valley
Vilarinho dos Freires,
Peso da Régua
Tel.: 254 240 242
Web: torelquintadavacaria.com
Uma noite desde 507 euros, com pequeno-almoço
Quinta da Vacaria
Web: quintadavacaria.pt
Provas de vinhos desde 16 euros
Restaurante Schistó:
Das 19h30 às 22h30,
de terça a sábado
Menu de degustação: 180 euros (harmonização vínica: 80 euros)
Restaurante 16 Legoas:
Das 12h30 às 15h
e das 19h30 às 22h.
Não encerra.
Preço médio: 50 euros
(sem bebidas)