Fica em Entradas este nirvana governado por Ana Bárbara que dá pelo nome de O Celeiro.
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Entre a saída da A2 de Castro Verde e Beja, há todo um novo circuito de frequência obrigatória para todos os que se interessam pelo assunto enogastronómico, e que é também a derradeira latitude antes de chegar ao Algarve. Fica em Entradas este nirvana governado por Ana Bárbara que dá pelo nome de O Celeiro. Talento culinário de grande nível, ligação forte à terra e tradição rústica genuinamente alentejana, são os três pontos principais que insistentemente me chamam a vir aqui para uma refeição.
Nunca se chega aqui sem fome, e o petisco apetece logo no início da empreitada. A chef Ana sabe o que nos vai dentro e trata de nos apaziguar a gula. Umas boas fatias de paio de porco ibérico e presunto pata negra finamente fatiado são a melhor recompensa. Há torresmos de porco prontos a consumir, assim como se disponibiliza uma mista quente de enchidos que com o bom pão da casa é dádiva dos deuses.
No capítulo do peixe, encontramos aqui um bacalhau com camarão à casa que é gratinado no forno e sabe muito bem. É de grande nível a sopa de cação com coentros que se serve neste Celeiro e o polvo à lagareiro roça a sublimidade culinária. Passando aos pratos de carne, podemos contar com um arroz de pato com laranja de grande nível, feito no forno à antiga. A feijoada de porco ibérico é maravilhosa e pede bom tinto alentejano, que felizmente Ana Bárbara tem.
Gosto muito do cozido de grão, assessorado por carnes diversas. E tem estrela especial a açorda de fraca acerejada que se prepara nesta cozinha de luxo. Nota muito positiva vai também para a maravilhosa perdiz de cebolada com batata frita, prato de assinatura regional que não vai querer perder. São estas recompensas que no fundo buscamos sempre que visitamos lugares menos visitados.
Há excelentes sobremesas ao nosso dispor, de gosto bem alentejano e mesmo que a refeição tenha sido copiosa não resistimos à tentação de provar. Há um genial pudim de queijo fresco que nos põe em contacto com o céu. A sericaia com ameixa de Elvas é extraordinária, e é melhor ainda se dispensarmos a ameixa, já que estamos perante uma das grandes glórias da doçaria tradicional alentejana. É muito boa a sopa dourada, e vai bem com uma plêiade de vinhos, especialmente se for um tinto velho. E a encharcada dispensa toda e qualquer apresentação. Deste lugar de Entradas, nunca mais queremos sair.
O Celeiro
Rua da Ermida, Entradas
Tel. 286 915 200
Das 12h às 16h, de domingo a terça e à quinta; das 12h às 16h e das 19h às 22h à sexta e sábado
Fecha: Quarta e jantar de Domingo, Segunda, Terça e Quinta
Preço médio: 25 euros