O espaço alberga 300 comensais, e todos se sentem no seu espaço próprio, sem atropelos nem perda de privacidade. É, portanto, único no país, e por um valor irrisório prova-se um pouco de tudo.
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Aqui no Dona Isilda, em Palmela, acontece um dos melhores buffets do país. Esforço insistente de Joaquim Fernandes, que durante anos quis chegar à excelência, caminho que acompanhei sempre de muito perto. Os irmãos Joaquim, Luís Miguel e Vitor são a descendência direta da senhora que dá o nome à casa. Deixou-nos em 2020, quando ainda oficiava no Alcanena, na Quinta do Anjo. Casa que fundou há quase 50 anos com o filho mais velho, Joaquim. Luís Miguel juntou-se-lhes e fundaram o Dona Isilda, de que falamos. O espaço alberga 300 comensais, e todos se sentem no seu espaço próprio, sem atropelos nem perda de privacidade. É, portanto, único no país, e por um valor irrisório prova-se um pouco de tudo.
Joaquim e Luís Miguel governam o Dona Isilda com forte simpatia e empatia. Vítor enveredou pela produção de queijo de Azeitão, de qualidade excelsa, há que dizer. Há muitas entradas, gosto muito das empadas de perdiz que a cozinha produz, bem cozidas no exterior, suaves e cremosas no interior. São muito bons os peixinhos-da-horta, bem crocantes e sem excesso de gordura. As pataniscas de bacalhau são deliciosas e o choco frito faz jus à fama da região. Há cogumelos recheados com queijo de Azeitão que vão diretos ao coração. E os folhados de chèvre configuram petisco irresistível.
Aproximamo-nos dos pratos principais e reconhecemos tentação em todos eles. Faz-se uma maravilhosa mão de vaca com grão, receita tradicional e sem excessos nos temperos. São excelentes os pezinhos de porco de coentrada, ricos em colagénio e cheios de sabor. O arroz de pato da casa é fantástico e repete-se sempre. A sopa de cação é de execução primorosa e sabe sempre bem, mesmo para os mais arredios da receita. O empadão de perdiz e o bacalhau espiritual são pratos de forno servidos em travessa funda e todos, novos e velhos se aproximam deles com voracidade. Há muitos outros pratos que vai querer explorar, mas deve deixar espaço para fazer uma boa incursão à copiosa mesa de queijos. Serra da Estrela, Serpa, Niza, Castelo Branco e Azeitão aprumam-se e oferecem-se à prova, para nosso prazer.
No departamento doceiro, estamos também em boa companhia. A torta de Azeitão, disponibilizada na versão original, de cortar à fatia, é excelente. Faz-se uma sericaia muito boa e a torta de amêndoa é gloriosa. Nos doces de colher, o arroz-doce e o leite-creme são sempre de considerar. Há muito mais para explorar, o serviço é impecável e as novidades sucedem-se em catadupa. Impossível não voltar muitas vezes.